Mensagem (180): «Primeirear»

Falemos claro: ao contrário do que se afirma, a Igreja andou sempre à frente e não perdeu esse lugar dianteiro. Não está «ultrapassada». Os que o afirmam, confrontam-se com aspetos da moral e bom senso que pretendem destruir: a inviolabilidade da vida humana e a oposição ao aborto; a unidade do matrimónio entre uma mulher e um homem e a relutância do amor livre; o autocontrolo sexual; a dignidade da mulher e consequente recusa da prostituição, etc. Ou outros aspetos «libertários», mas que vêm dar ao mesmo.

Historicamente, a comunidade dos crentes, pelos seus leigos em harmonia com os Pastores, deu origem ao melhor da nossa civilização: o atual sistema bancário e segurador no célebre «monte de piedade» ou «monte pio»; a universidade e o desenvolvimento dos saberes; a assistência social com as corporações medievais e Misericórdias; a medicina, estudada nas escolas, experimentada nas gafarias e lazaretos e amparada pelas farmácias conventuais; a difusão das ideias pelos copistas e meios de imprensa e teledifusão. E tantos, tantos outros setores que podiam e deviam ser referidos.

Mas o grande avanço civilizacional é no mundo das mentalidades. Ao acentuar a unidade bio-psíquico-social da pessoa, difundiu a sua dignidade e lançou as bases dos seus direitos. Como tal, perante os «diferentes» ou opositores, passou da afronta e desconfiança ao diálogo e cooperação. Tenha-se em conta os passos dados no ecumenismo e no diálogo inter-religioso.

É isto que a sociedade internacional nunca fez. Somos confrontados com guerras e ameaças nucleares de pôr os cabelos em pé. Porquê? Porque, rigorosamente, nunca se ultrapassou a ideia de domínio nem se sanou a «guerra fria»: apenas se escondeu debaixo do tapete. E fabricaram-se as armas que agora ameaçam o nosso desaparecimento da face da terra.

Ao contrário da Igreja, o mundo desconhece a paz, recusa o verdadeiro diálogo, acredita mais na cultura da morte que na da vida, é insolidário e, sadicamente, parece gostar de ver o sofrimento dos outros. É um mundo com mente da idade da pedra lascada e tecnologia de última geração. O que é perigosíssimo.

Que a Igreja fermente este mundo, nunca lhe copie os critérios e o eleve. E que ele tenha a coragem de reconhecer que, afinal, está muito… ultrapassado. E que precisa de andar para a frente.

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