
O Papa Francisco alargou os tradicionais Ministérios do Leitor e Acólito a leigos que não se destinam às Ordens Sacras. E criou um novo: o de Catequista. Isto que parece um ato meramente administrativo, se interligado com o princípio de sinodalidade e outras atitudes de “regresso às fontes”, constitui um passo de gigante no “caminho que Deus espera da Igreja neste terceiro milénio”.
Nos tempos apostólicos, a comunidade crente era eminentemente ministerial. Nos Atos dos Apóstolos e nas Cartas encontramos uma indesmentível referência a carismas, dons, serviços, ofícios e responsabilidades que entram no que hoje chamamos Ministérios. E há uma teologia que os dá por naturais e indispensáveis: pensemos na metáfora do corpo e dos membros que o constituem ou na frequente referencia à “diversidade de ministérios” (1Cor 12, 5).
Não pode ser de outra maneira. Segundo o velho princípio, o que é de todos diz respeito a todos. E, normalmente, somos muito zelosos na defesa do nosso. Os fiéis comprometidos com a causa da Igreja tornam-se, quase sempre, indefetíveis. O mesmo não se diga quando não a sentem como sua…
De resto se se fechasse à colaboração dos seus, desprezaria uma quantidade indescritível de boas vontades, saberes, dons, carismas, generosidades, tarefas, ajuda de todo o género.
Mas a grande razão é mesmo de essência: Igreja remete para contributos. Pensemos na metáfora da cítara, tão referida por Santo Inácio de Antioquia: não basta que exista uma bela caixa de ressonância e umas mãos para a tanger. São necessárias as cordas, os tensores, as cavilhas, etc. E basta que falte uma das mais pequenas peças para que já não seja possível arrancar-lhe as mais formosas harmonias.
Todas estas partes da cítara são distintas. Mas são igualmente correlacionadas e indispensáveis. A vantagem não está na uniformidade, mas no comum e insubstituível contributo para a unidade: chama-se cítara ao resultado integrado e harmonioso de todas as partes e não a cada uma delas.
Uma Igreja de uma só peça –a do Padre ou do Bispo- não corresponde à que Cristo sonhou. E até pode deixar de ser Igreja para passar a empresa, pois, como diria o Papa Francisco, o verdadeiro ministério ordenado é um dom no meio dos dons e não um contrato coletivo de trabalho para substituir os outros.
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