O coração da cidade já apregoa: “o Bolhão é lindo e é nosso”

Fotos: Pedro Correia/Global Imagens

O som do sino ouve-se para dar início à atividade, mas, à quantidade de pessoas que esperavam por este momento, quase seria desnecessário avisar. Já toda a cidade sabe: o Mercado do Bolhão está, novamente, de portas e coração aberto. A partir de hoje, volta a fazer-se o que sempre se fez no Bolhão: tradição.

“Achava que não ia viver para ver o mercado abrir”. Com algumas lágrimas de uma emoção difícil de conter, Aurora Silva não só viveu como veio de Custóias ao Porto de propósito para a abertura do Bolhão.

A partir de hoje, as bancas do Mercado percorrem-se por ruas com nomes que bem poderiam descrever este regresso a casa: Saudade, Alegria, Encontro, Abraços. Já se ouve a pergunta convidativa “Frutinha, amor?”, na Frutaria do Bolhão, e a Rosinha Florista já voltou a receber a visita habitual da D. Custódia.

Entre quem vem de longe “para ver com os próprios olhos porque não acreditava”, os que partilham “esta energia positiva que se sente aqui”, quem tenha “sido nascido e criado” por estas bancas, centenas de pessoas estão de volta ao Bolhão. Estão lá As Irmãs Araújo, a Dona Ilda, o Cantinho da Dona Rosa, a Peixaria da Sara ou a Queijaria do Bolhão e o André Amolador, antigos e novos comerciantes.

Voltaram as pessoas e os pregões como manda a tradição: “O Bolhão é lindo!”, “O Bolhão é nosso”, uns com mais decoro que outros. E muitas mensagens de agradecimento ouviram-se durante toda a manhã.

Quem também confessa uma “emoção difícil de conter” é o presidente da Câmara do Porto, depois de assumir o toque do sino no Mercado do Bolhão. “Este é o dia que nós queríamos, que toda a cidade queria”, afirmou Rui Moreira.

Depois de anos a vender num local sem as melhores condições, promessas que não avançaram, mais o tempo – quatro anos – que levou até a obra estar concluída, o presidente da Câmara do Porto confessa que “cumprir é uma sensação de ‘valeu a pena’”.

Rui Moreira acredita que, “no fundo, é devolver às pessoas o Mercado. É o momento da cidade do Porto se reencontrar com o Bolhão, consigo própria”. “A cidade hoje entrega a si própria aquilo que é o seu coração. O Bolhão é isto. Só tínhamos visto a parte patrimonial. Agora quero ver isto com pessoas. O Bolhão sem pessoas não faz sentido, não é um museu”, sublinhou o presidente da Câmara.

Com as “melhores condições” que agora estão à disposição dos comerciantes, Rui Moreira acredita que o novo Bolhão terá “impacto económico na cidade”, no seu comércio. No entanto, o presidente da Câmara mostra-se convicto de que “há coisas que não compramos”. Como a alma do Porto.

“É a nossa alma que está aqui”, reforçou, deixando a mensagem à cidade: “agora o que é preciso é que as pessoas venham cá fazer compras. Agora é que é o tempo da cidade apoiar o Bolhão”.

Futuros lançamentos de concursos para seis lojas e nove bancas

Além dos produtos frescos nas bancas do piso térreo, que a partir de hoje são vendidos em 79 espaços, o Bolhão tem 38 lojas que abraçam o exterior do edifício e que, em breve, estarão a funcionar na sua plenitude, assim como os dez restaurantes que terão morada no primeiro piso. Nos próximos meses, serão lançados novos concursos para ocupação de seis lojas e nove bancas.

O horário de funcionamento será entre as 8 e as 20 horas, de segunda a sexta. Ao sábado, o encerramento é às 18 horas e, aos domingos, o Bolhão estará fechado para descanso.

Assim que os restaurantes estiverem em funcionamento, o horário da restauração será até às 24 horas, e o acesso realizado pelas portas das ruas Formosa e Fernandes Tomás.

(inf: portal de notícias do Porto)