
No Dia Internacional da Alfabetização, dia 8 de setembro, o bispo de Roma e papa Francisco, enviou uma mensagem, por intermédio do seu Secretário de Estado, ao Diretor da UNESCO, onde enfatiza a necessidade de eliminar o analfabetismo como patamar para uma cultura assente na ecologia integral. Refere o documento que “O Papa nos exorta a encontrar uma convergência global para uma educação que produza uma aliança entre todos os componentes da pessoa: entre estudo e vida; entre gerações; entre professores, alunos, famílias e sociedade civil, segundo as suas expressões intelectuais, científicas, artísticas, desportivas, políticas, empresariais e solidárias. Uma aliança entre os habitantes da Terra e a “casa comum” à qual devemos salvaguardar e respeitar. Uma aliança geradora de paz, justiça e aceitação entre todos os povos da família humana, bem como o diálogo entre as religiões.” Esta aliança constrói-se com um mundo mais culto e a solidariedade está no pressuposto que a igreja, nomeadamente, as cristãs e os cristãos estarão na primeira linha da salvaguarda dos costumes e das culturas dos povos, logo numa alfabetização cultural, muito mais que uma alfabetização académica.
Encorajando a UNESCO a trabalhar por uma alfabetização total a mensagem lembra que: “No entanto, cada mudança exige uma jornada educativa envolvendo todos. É por isso que é necessário construir uma “aldeia educativa” onde partilhamos, na diversidade, o compromisso de criar uma rede de relações humanas e abertas. Um provérbio africano diz que “é preciso uma aldeia inteira para criar uma criança”. Nesse sentido, o Santo Padre enfatiza a necessidade de firmar um pacto que dê alma aos processos educativos formais e informais, que não pode ignorar que tudo no mundo está intimamente ligado e que é necessário encontrar, segundo a antropologia sadia, outras maneiras de entender a economia, a política, o crescimento e o progresso. Num caminho de ecologia integral, o valor específico de cada criatura é colocado em seu devido lugar, em relação às pessoas e à realidade que a cerca, e se propõe um modo de vida que rejeita a cultura do desperdício.”
A mensagem é mais um grito de alerta para todos os homens e mulheres respeitarem a “casa comum”, promovendo a alfabetização total, como diz a “aldeia educativa”. É dirigida a todo o universo, sendo as cristãs e os cristãos os primeiros responsáveis, por um mundo de diálogo, de paz e fraternidade, tendo por centro a cultura e a educação, sem as quais não existirá nenhum diálogo profundo e espiritual que nos leve a viver com dignidade de seres criados por Deus.