Apresentação do livro “Amar os Presos?!…”

No passado dia 21 de maio, no Centro Português de Fotografia (Antiga Cadeia da Relação), no Porto, teve lugar a apresentação do livro “Amar os Presos?!… Inquietações e Contributos de um visitador prisional”, da autoria de Paulo Neves. Foram vários os palestrantes que manifestaram a sua opinião sobre o livro, provenientes de vários setores ligados, direta ou indiretamente, ao voluntariado prisional e à assistência espiritual e religiosa no âmbito da Pastoral Penitenciária.

Este livro foi também apresentado, posteriormente, no Estabelecimento Prisional de Custóias no dia 28 de junho, e no Estabelecimento Prisional anexo à Polícia Judiciária do Porto no dia 30 de junho, contando com a presença de dirigentes prisionais, assistentes espirituais e religiosos prisionais e seus colaboradores, e reclusos, entre outros convidados.  Os três eventos de apresentação do livro foram organizados pela Unidade Pastoral dos Estabelecimentos Prisionais de Custóias, Sta. Cruz do Bispo Feminino e cadeia anexa à Polícia Judiciária do Porto.

O foco deste livro, como foi sublinhado pelos oradores presentes, é essencialmente pôr a sociedade a refletir sobre os presos como “pessoas que somos chamados a amar, para além das suas falhas, no meio de múltiplas inquietações, preconceitos e inseguranças”, conforme afirma o autor, já que “o grande beneficiário é, no fundo, a sociedade em geral, pois com pessoas (re) inseridas, ela será mais coesa, mais justa, mais fraterna e, assim, mais feliz.”

Neste livro faz-se uma reflexão sobre o sistema prisional, sobre a Pastoral Penitenciária e algumas boas práticas dos visitadores prisionais e, essencialmente, sobre a necessidade de “amar os presos” (sem interrogações, exclamações ou reticências) nos quais está Jesus, que se identifica com os presos no capítulo 25 do Evangelho de São Mateus, e que continua na prisão à espera que o visitem. Aliás, foi também recordado que não podemos jamais esquecer que Jesus termina a sua vida na condição de recluso, condenado e executado.

O objetivo principal deste livro é, pois, chamar a atenção para esta realidade periférica, procurando vê-la cada vez mais como “uma arte de cuidar”, tendo sempre em mente que qualquer pessoa é maior do que o seu erro. Como disse um dos reclusos durante esta apresentação: “Amar os presos não é para qualquer um! E os nossos visitadores são o exemplo mais gritante do amor aos presos! Eles que nos acompanham há tantos anos e são semanalmente o bálsamo, o maná, a força, a esperança, a fé e o alento de que precisamos para atravessar este penoso e doloroso caminho que é estar preso!”. Perante esta realidade, afinal, tendo em conta a forma como culminaram estes três momentos de apresentação deste livro, em que se releu o “Hino do Amor” da Primeira Carta aos Coríntios, no seu capítulo 13, “o mais importante é o Amor”!

(Lígia Pires, visitadora prisional)