Mensagem (176): Afastados – II

Voltemos a Barron, a tal «autoridade» no tema de aproximação dos afastados da fé. Já se falou de duas das cinco vias que ele propõe: a da solidariedade comprometente e a da beleza testemunhante. Agora, refiram-se as outras três.

A pedagogia de Jesus assentava no fazer «caminhada» com cada uma das pessoas e apontar-lhes horizontes esclarecedores. Pensemos na samaritana, em Nicodemos, Zaqueu, nos discípulos de Emaús, etc. Escutou questões semelhantes às colocadas na nossa época: Deus existe?; como conciliar o mal com um Deus bom?; no meio de tantas religiões, qual a verdadeira?; etc. Não deu respostas racionais. Mas entrou no coração de cada um para o ajudar a encontrar as razões. Não bastam, portanto, as pregações quaresmais para toda a Paróquia ou o sermão do padroeiro. Impõe-se a via «sinodal»: o fazer caminhada com cada um.

Depois, a fé é missionária. O que supõe uma mudança de paradigma: antes, eramos chamados a «entrar» na igreja para o «cumprimento» das obrigações inerentes à fé; agora somos convidados a isso, mas também a sair, a ir para o mundo ao encontro dos familiares, amigos e outros, em atitude missionária. Antes, tudo se cumpria, cumprindo a Missa; hoje, a Missa é o primeiro momento do “Ite missa est” (Ide, envio-vos em missão).

E há ainda a via do uso criativo dos meios de comunicação modernos. Jesus, que não tinha internet, não usou as redes sociais. Mas mandou-nos “pregar sobre os telhados” e, aos Apóstolos, ir “por todo o mundo”. Hoje, um pequeno vídeo com qualidade e leveza, reduzidos textos assertivos e «provocantes», normalmente muito reenviados, podem ser fator de busca para inúmeras pessoas. Para isso, como alguém dizia, temos de passar da “galáxia de Gutenberg” (livros, jornais, impressos…) aos canais onde as pessoas estão. Doutra forma, «falamos para o boneco».

Como alguém perguntava, e onde está o contacto tu-a-tu com Jesus Cristo? Esta é a pergunta fundamental. Mas a resposta é simples: tudo isto são «vias», preâmbulos, iniciação a esse contacto transformante. Porque não é possível desligar Deus da Igreja e das igrejas. Hoje, não é provável encontrar Deus pela via da “fuga mundi”, pela ida para o deserto.

O nosso Deus é citadino: ou O encontramos no seu povo, na “vita in mundo”, ou perdemo-l’O.

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