Uma Igreja para todos

Por Joaquim Armindo

“Sem hesitação, propõem-se mais momentos de formação e de diálogo, tanto para leigos, sobretudo os que servem nalgum ministério, quanto para clérigos. Formação teológica e, sobretudo, bíblica, referenciando-se especial dificuldade em aceder aos textos do Antigo Testamento. Propõe-se formação para o diálogo com a sociedade e a cultura e formação para o acolhimento. Neste âmbito, recebe especial ênfase o tema da catequese, tanto na formação dos animadores quanto na renovação dos seus métodos e conteúdos. A catequese destaca-se enquanto lugar insubstituível de formação cristã.” Este parágrafo do documento síntese da Diocese do Porto, para o Sínodo dos Bispos – 2023, é especialmente importante, no que toca à formação dos clérigos e leigos. Primeiro, porque “sobretudo, bíblica” e segundo como “diálogo com a sociedade e a cultura e formação para o acolhimento”. Torna-se muito pertinente, até porque os grupos de discussão foram normalmente de pessoas que trabalham já na Igreja, que apontem a falta de formação bíblica e formação para o diálogo com o outro, num sinal evidente de que as coisas não andam muito bem na Diocese do Porto. Compete a todos e todas escutar estes sinais e inverter caminho, competindo-nos a força do diálogo que a formação nos dará.

E diz ainda o texto: “A proposta de cultivar o acolhimento é a mais presente, ainda que deva ser percebida em duas vertentes distintas. Melhorar as competências de acolhimento nas diversas interfaces da comunidade eclesial com as pessoas, sendo uma Igreja de portas abertas e de trato simpático, educado, facilitador, desburocratizado, é a primeira vertente e um caminho irrecusável. Nesta mesma proposta se pode incluir a abertura ao diálogo ecuménico e inter-religioso, ainda que fique pouco clara a dimensão profética deste diálogo.” As pessoas escutadas querem uma “igreja aberta” ao acolhimento, nas suas diversas “interfaces”, que são muitas e não a “burocratização do que, normalmente, quem se aproxima da igreja antevê. E isto a começar pelos “horários de atendimento” afixados nas portas das igrejas, aliás, como o papa Francisco já pediu que os tirassem, é necessário ler e agir.

Numa outra vertente do acolhimento diz o texto: “…muito insistente e pouco consensual, é a proposta do acolhimento entendido como inclusão daquelas pessoas que vivem uma qualquer forma de irregularidade face à moral cristã ou se sintam, de algum modo, de algum modo excluídas.” Na minha opinião, e só na minha, parece-me contraditório com o parágrafo de cima, “pouco consensual”, mas é um caminho a percorrer dado ser “muito insistente”. Nós não temos que “incluir” ninguém, Jesus incluiu já todos e todas.