
Por Joaquim Armindo
A síntese da Comissão Sinodal Diocesana, sobre o Sínodo dos Bispos 2023, é notável, fruto de um trabalho dedicado e honesto. Ela traduz o que as comunidades e os organismos da Diocese do Porto pensam sobre aquele sínodo. Apesar dos resultados serem só de 194 paróquias, das 477 existentes na Diocese, temos de concluir da seriedade do relatório que ousa até na divulgação destes números demonstrando que, por muito pouco felizes que sejam, são uma realidade e que tal amostra se deveu a que “o caminho sinodal se ativou a partir das reuniões de vigários da vara, de uma assembleia de movimentos e obras e da colaboração da CIRP. A partir da divulgação que estes fizeram junto dos párocos e comunidades locais, procurou-se criar uma rede de contactos para a dinamização do processo e a receção das respostas, rede esta muito dependente da iniciativa dos responsáveis locais, sobretudo dos presbíteros”. Aqui chegamos à conclusão do poder dos padres estarem a desenvolverem os processos, dado que o Povo de Deus só se ativou pelos presbíteros, o que é lamentável. Estamos perante uma conclusão honesta e de um trabalho sério da Comissão Sinodal Diocesana (CSD), que não deixou de exprimir a letargia com que vamos contando na Igreja.
Mais adiante refere o relatório: “Deixando a cada comunidade a escolha do método a usar, verificámos que a maioria optou por partir de grupos já formados, criando outros grupos a propósito, ou ainda criando outros grupos de interação entre membros dos vários grupos já existentes”, conclusão clara daquilo que não se queria, de que fossem sempre os mesmos a pertencer a tudo. A CSD deixa aqui um rasto que é importante reter, como sínodo ou sem sínodo terão que existir nos cristãos e nas cristãs capacidades para que “não sejam sempre os mesmos a fazer as mesmas coisas”. Este um repto lançado pelas conclusões de um trabalho que diz, mesmo aquilo que não gostaríamos de ler e ouvir.
Um outro ponto importante a merecer reflexão, para a resolução de problemas não resolvidos, quando a CSD refere: “Outras dificuldades se registam, no que toca a estar em grupo, dar opinião com desapego e escutar com disponibilidade. Algumas comunidades, viram-se obrigadas a abrandar o processo, pois despertaram velhos ressentimentos e conflitos adiados, mas não resolvidos, que tomaram conta da discussão.”
Teremos na Diocese do Porto a intuição necessária para compreender o que esta CSD deixa? Se o tivermos, para nós, o Sínodo já valeu a pena!