Os pilares históricos da Igreja: São Pedro e São Paulo

O dia 29 de junho é chamado de S. Pedro, embora na Liturgia seja designada a Solenidade de S. Pedro e São Paulo, Apóstolos. Mas na tradição o pobre do S. Paulo fica no esquecimento popular. Há entre nós muitas festas de S. Pedro. A da Afurada será das mais conhecidas, ao menos na região do Porto.

S Paulo Clérigos

Mas não é preciso ir longe para encontrarmos outras, que enchem programas de televisão, quando haja romarias populares, porque o importante é a romaria e não tanto a memória ou o exemplo do santo em causa. Vamos por aí fora e encontramos S. Pedro na alma do Porto (Azevedo, Campanhã e Miragaia), em Matosinhos (Araújo), na Maia (Avioso e S. Pedro Fins), Gondomar (S. Pedro da Cova), Vila Nova de Gaia (Vilar do Paraíso, Pedroso e Sermonde), Vila do Conde (Canidelo e Fajozes), Santo Tirso (Agrela e Roriz), Paços de Ferreira (Arreigada, Raimonda, Sanfins de Ferreira), Lousada (Caíde Rei, Fins do Torno), Felgueiras (Jugueiros e Torrados), Paredes (Cete, Gondalães e Sobreira, Penafiel (Abragão, Croca), Castelo de Paiva (Paraíso), Amarante (Ataíde, Canadelo e Lomba), Baião (Teixeira). Apenas no concelho de Marco de Canaveses não encontramos nenhuma paróquia tendo como orago S. Pedro. Passando à região sul da diocese, encontramos S. Pedro como padroeiro no concelho de Feira (Canedo), em Vale de Cambra (Castelões), em Ovar (Maceda, S. Pedro de Ovar-Furadouro), em Oliveira de Azeméis (Cesar, Ossela e Vila Chã de S. Roque).

Importa, porém salientar a ligação particularmente significativa, histórica, artística e liturgicamente, entre Pedro e Paulo. Como afirma o prefácio da celebração desse dia, “Pedro que foi o primeiro a confessar a fé em Cristo, e Paulo que a ilustrou com a sua doutrina”, “são associados na mesma coroa de glória” e “recebem do povo fiel a mesma veneração”.

S Pedro Clérigos

A presença e o martírio de ambos em Roma, cerca do ano 67, constitui uma fonte e inspiração de unidade para toda a Igreja que deles recebe o fundamento da designação de apostólica e de romana. Esta ligação é também traduzida pela dedicação das duas basílicas maiores: a de S. Pedro, atual sede do papa como pastor da Igreja Universal; e a de S. Paulo fora de muros, local onde terá sido martirizado por degolação, por ser cidadão romano, e onde se encontra a memória dos seus restos mortais.

Vamos ao Porto: na agora tão celebrada igreja dos Clérigos também se associam os dois apóstolos. As três figuras protetoras da Igreja são Maria (a Assunção do altar mor), S. Pedro (com a memória da sua prisão “in vinculis”) e S. Filipe de Néri. Mas no exterior e no interior da igreja de Nasoni pontificam também duas imagens de S. Paulo: uma de granito no exterior da torre, e outra policromada num altar do corpo da igreja.

Quando em 2008 se celebrou o Ano Paulino, foi referenciada a igreja da S. Paulo do Viso, única na cidade do Porto que lhe é dedicada, juntamente com a de Sebolido (Penafiel). Nesse ano foi edificada uma imagem de S. Paulo, em estilo moderno, da autoria de Ana Carvalho, benzida pelo então Bispo do Porto D. Manuel Clemente.

S. Paulo Viso

Deve lembrar-se também que na fachada principal de uma das mais belas igrejas e monumentos da região, a do Senhor Jesus de Matosinhos, pontificam lado a lado duas grandiosas imagens de S. Pedro e S. Paulo. Como a antiguidade artística é digna de especial relevância, há que recordar a escultura que se encontra na capela-mor do Mosteiro de São Pedro de Ferreira, em Paços de Ferreira e a notável estátua sua que constitui uma das maiores joias escultóricas do Mosteiro de Arouca, a imagem de pedra de S. Paulo no exterior da Torre dos Clérigos, em que pouco se repara, e a de S. Padro no altar mor, bem como modernamente a de S. Paulo do Viso.

CF