
Por Joaquim Armindo
Quando percorremos os discursos do bispo de Roma, papa Francisco, encontramos sempre alocuções – que, normalmente, desconhecemos -, e que são autênticas chamadas para que os nossos caminhares sejam, como se diz agora, “fora da caixa”. E são “fora da caixa”, porque não limitam, não cerceiam, como “dentro da caixa” são tantos que vamos ouvindo por parte de clérigos por esse mundo fora. Desta vez trago, aqui, palavras dirigidas aos bispos e sacerdotes das igrejas da Sicília. Diga-se que neste discurso – para mim -, só é cometido o lapso do esquecimento dos diáconos permanentes, a menos que não existam naquela região. Mas afirma Francisco: “A mudança de época em que vivemos exige escolhas corajosas, ainda que pensadas e, sobretudo, iluminadas pelo discernimento do Espírito Santo. Essa mudança está sobrecarregando os laços sociais e emocionais em particular, como a pandemia destacou ainda mais claramente. A atitude responsável com que vivê-la, como em outras fases históricas, é acolhê-la com consciência e com “confiança no controle da realidade, ancorada na sábia Tradição viva e viva da Igreja, que pode dar-se ao luxo de as profundar sem medo”.
E como a sua alocução é dirigida à Sicília não se coíbe de dizer que “A Sicília não está fora desta mudança”. Com a sua “própria cultura” que evidenciam “as contradições que carregamos dentro de nós”, está a testemunhar “comportamentos e gestos marcados por grandes virtudes e atrocidades cruéis. Da mesma forma, ao lado de obras-primas de extraordinária beleza artística, vemos cenas de descaso mortificante. E, igualmente, diante de homens e mulheres de grande cultura, muitas crianças e jovens fogem da escola e permanecem afastados de uma vida humana digna. O cotidiano siciliano ganha cores fortes, como as cores intensas do céu e das flores, dos campos e do mar, que brilham com a força do brilho solar. Não é por acaso que tanto sangue foi derramado pelas mãos dos violentos, mas também pela resistência humilde e heroica dos santos e dos justos, servidores da Igreja e do Estado.”
São as situações concretas de uma região e de um povo que Francisco denuncia, mas não deixa, porém, de salientar as coisas “boas” que observa. E a terminar tem esta denúncia que faz, e fá-lo consecutivamente: “Outra coisa… Não digo isto só para a Sicília, isto é universal: uma das coisas que mais destroem a vida eclesial, tanto a diocese como a paróquia, é a tagarelice, a tagarelice que acompanha a ambição. Não podemos nos livrar da tagarelice: mesmo depois de uma reunião: Olá, nos despedimos, e começa: “Você viu o que aquele, aquele outro, aquele outro disse…”. A tagarelice é uma praga que destrói a Igreja, destrói as comunidades, destrói o pertencimento, destrói a personalidade. essa é a fofoca connosco. Desculpe se prego essas coisas que parecem ser da Primeira Comunhão, mas são coisas essenciais: não se esqueçam delas!”