No Dia Diocesano da Família, celebrado nas vigararias no domingo 12 de junho, D. Manuel Linda fez-se presente dirigindo-se em mensagem vídeo aos casais que celebram 10, 25, 50 e 60 anos de matrimónio neste ano de 2022. VP publica texto na íntegra.
“Caras Famílias que, neste ano de 2022, celebrais dez, vinte e cinco, cinquenta ou sessenta anos de vida matrimonial, saúdo-vos muito afetuosamente e apresento-vos os mais calorosos parabéns e felicitações.
Esta época que nos é dado viver, maravilhosa em muitos aspetos, duvida das grandes instituições da humanidade. Uma delas –por sinal, a mais básica e estruturante- é a família: não falta quem desconfie dela, garanta que ela não gera felicidade e até a considere uma fonte de opressão. Porém, não obstante as dificuldades e os sacrifícios típicos de toda a existência humana, os aniversários e as bodas que vós agora celebrais exprimem, certamente, a alegria que vos vai na alma: é no interior da família que sentis o amparo da outra parte, do marido ou da esposa; que viveis um amor intenso e de felicidade; que sonhais e programais; que decidis em conjunto as melhores formas de resolver as problemáticas da vida; que gerastes vidas e as colocastes no mundo, com um misto de espanto e de muito sonho; que vistes crescer esses filhos e os fostes inserindo na sociedade e na Igreja; que os educais na escolarização e na fé; que neles já antecipais os netos e os bisnetos que esperais; enfim, sentis-vos realmente colaboradores de Deus na obra da Criação e de fazer este mundo mais belo no amor, nas novas vidas com sentido e na abertura à esperança e ao futuro.
Reparem como este processo começou. A dado momento, Deus colocou cada um de vós, o atual marido e esposa, no caminho um do outro: viram-se, sentiram-se atraídos mutuamente, namoraram, decidiram casar e quiseram a vossa privacidade, procurando casa para vos acolher. Isto é o normal. Parece que tudo começa num processo que eu diria de concentração ou até de isolamento: uma mulher e um homem que deixam a família em que viviam, a dos pais e irmãos, e se abrigam na intimidade e serenidade de um novo lar. É lá, no interior das quatro paredes, que acontecem os grandes momentos que tecem a existência: geram os filhos, criam-nos, educam-nos, dialogam à procura dos melhores caminhos a seguir, gerem os conflitos, celebram os momentos de alegria e, porventura, também abafam um ou outro soluço e limpam algumas lágrimas.
Porém, os filhos obrigam a um processo de abertura: é preciso registá-los nos serviços do Estado, matriculá-los nas Escolas, ir com eles aos centros de saúde, inscreve-los na catequese, ir com eles à Missa, etc. Ora, a Igreja valoriza muito esta relação de abertura ao exterior, seja na relação com as tais estruturas do mundo, seja na participação da vida da comunidade da fé, concretamente da Paróquia. E pede que, na amizade e na dedicação, se ligue a outras famílias para lhes levar um gesto de ânimo, uma palavra de conforto nas situações difíceis, uma ajuda quando tudo parece que falha. E também para as evangelizar. Sim, é preciso ajuda-las a abrirem-se à fé que dá sentido à vida, é preciso fazer-lhes ver que a prática religiosa liberta, é preciso fazer-lhes compreender que há valores humanos e cristãos que só se transmitem na catequese e, se os seus filhos a não frequentarem, vão menos preparados para o mundo complexo e para a vida ativa. Peço-vos, pois, qualquer que seja a vossa situação –na vida ativa ou na reforma- que partilhem com as outras famílias os muitos dons que Deus vos concede. A começar pelo dom da fé. Dedicai-vos aos outros.
Pelas razões que todos conhecemos –a pandemia, cujos efeitos ainda se fazem sentir- neste ano de 2022 ainda não tivemos condições para fazer uma grande celebração, alegre e festiva, de âmbito diocesano. Achamos mais prudente fazer celebrações a nível de todas as Vigararias. De qualquer maneira, é em clima de unidade diocesana que as fazemos: no mesmo dia, à base do mesmo tema, na interligação comigo, bispo da Diocese, com o mesmo modelo de “diploma” de participação, assinado por mim. E, fundamentalmente, com a minha presença espiritual e a certeza da minha oração.
Daqui a poucos dias, vai celebrar-se, em Roma, com o Papa Francisco, o 10º Encontro Mundial das Famílias. Nós associamo-nos, aqui no Porto, com vários atos. Quer para esse 10º Encontro Mundial das Famílias, quer para este nosso 21º Dia Diocesano da Família, vamos usar o mesmo tema e mote: “O Amor na família: vocação e caminho de santidade”.
Sim, caras famílias, o amor é possível e necessário. O nosso mundo necessita de amor e, quando o não encontra, tanto é capaz de o procurar pelas vias da irracionalidade como de cair na guerra e na violência. Então, apresentemos ao mundo o amor como a salvação da humanidade no Deus que o Apóstolo definiu como amor: “Deus é amor” (1 Jo 4, 8). Por isso é que todos somos chamados ao amor, mesmo nós os que não seguimos as vias do matrimónio. E porque o amor humano é participação no amor de Deus, aí é que se constrói santidade.
Caras famílias, rezo por vós. Rezai também por mim. E quero testemunhar publicamente: tenho muita admiração e confiança nas famílias crentes da nossa Diocese! Em vós! Deus vos ajude a cumprir integralmente a vossa alta e difícil missão. E que Ele vos abençoe e vos conceda muita alegria e felicidade.”