Por Joaquim Armindo
Há alguns dias realizou-se, em Roma, o Congresso Internacional “Linhas de Desenvolvimento do Pacto Global sobre Educação”, a que Francisco, bispo de Roma e papa, fez uma excelente alocução, aliás como vem sendo timbre do bispo de Roma, infelizmente não seguido por toda a Igreja. Escreveu ele: “Apraz-me que a proposta de um Pacto Global sobre Educação lançado em 2019 tenha despertado interesse em diferentes níveis, incluindo universidades, que têm promovido estudos sobre diversos temas, como dignidade da pessoa e direitos humanos, fraternidade e cooperação, tecnologia e ecologia integral, paz e cidadania, culturas e religiões. Esta conferência pretende ser uma oportunidade para avaliar o trabalho realizado até este ponto e planear o desenvolvimento do Pacto de Educação nos próximos anos. Deve avançar e não permanecer “fechado”. O discurso de Francisco anda sempre à volta de algumas ideias chave que convêm salientar: a dignidade da pessoa e os direitos humanos, a fraternidade e cooperação, tecnologia e ecologia integral, como podemos ler.
A Ecologia Integral de que tanto fala nos seus textos, desde a encíclica “Louvado Sejas”, constitui um ponto epicentral de todos os seus discursos, e não pensemos que o seu significado tem a ver unicamente com a defesa do ambiente ou as alterações climáticas. Na sua génese encontra-se a integralidade do ser humano em todas as facetas da vida, como refere Leonardo Boff e outras pensadores teológicos cristãos, existe uma centralidade cósmica na interpretação do que é a Ecologia Integral, no caminho para a sua Sustentabilidade, alicerçada numa Espiritualidade, que, hoje, tanta falta faz ao universo em que vivemos. Por isso os Pactos, também o da educação, assentam nessa Espiritualidade que se desencadeia em todo o caminho que nos faz homens e mulheres da Humanidade.
Assim é, que a Ecologia Integral seja composta – no que é cada vez mais corrente no pensamento contemporâneo -, de quatro Ecologias, imbuídas todas pela Espiritualidade. A económica, a ambiental. a social e a cultural, são as suas componentes, sem elas a ecologia não pode ser integral, dado não ir à profundidade da vivência do género humano. A Ecologia Integral é um todo que atravessa profundamente o ser humano, daí a necessidade da envolvência da Espiritualidade nos nossos afazeres no mundo. Só o espiritual vivido com a eficácia do divino torna a nossa caminhada certa, por isso quando falamos em Ecologia Integral atente-se que ela começa em cada um e cada uma de nós, adentro do nosso ser ontológico, senão não terá significado transformativo global.