Marecos, Milhundos e Penafiel receberam Visita Pastoral

O bispo do Porto, D. Manuel Linda e D. Armando Domingues, bispo auxiliar, visitaram paróquias de Penafiel em ritmo sinodal.

“Para uma Igreja Sinodal” foi o lema que orientou a Visita Pastoral dos Senhores Bispos, D. Manuel Linda e D. Armando Esteves às comunidades cristãs de Santo André de Marecos, São Martinho de Milhundos e de São Martinho de Penafiel, que decorreu entre os dias 1 e 15 de maio. Interrompida por motivos de saúde, a Visita Pastoral foi retomada no dia 17 e prolongada entre os dias 25 e 27 de maio. Este não foi apenas um lema, foi também uma bela experiência de sermos Igreja que caminha em conjunto: as comunidades cristãs e a sociedade civil.

O caminho conjunto iniciou-se com o Conselho Pastoral Interparoquial, onde se definiram os objetivos da Visita Pastoral: incentivar e renovar o compromisso de uma pastoral Interparoquial; animar, fortalecer, confirmar e acertar critérios pastorais com todas as forças vivas das nossas comunidades cristãs, nomeadamente os grupos paroquiais, as Confrarias, Ordens Terceiras e as associações de fiéis; sair ao encontro da sociedade civil, como presença evangelizadora.

Estes objetivos gerais foram desenhados num programa extenso que envolveu as três comunidades cristãs e foi ao encontro da sociedade civil, sendo concretizado pelo trabalho de seis equipas que abrangem os vários dinamismos da pastoral. Na verdade, a preparação conjunta da Visita Pastoral foi já a concretização da Igreja Sinodal que definimos como objetivo.

Mais do que o relato do muito e belo que foi acontecendo ao longo da Visita Pastoral, quer este texto testemunhar experiências feitas, realizações conseguidas, sem deixar de apontar dificuldades e incapacidade de realizar alguns objetivos.

A Igreja em saída é o primeiro ponto a salientar. Nas várias instituições, empresas e associações destacou-se o acolhimento sincero e a alegria experimentada, porque a Igreja, na pessoa do Bispo, se fazia próxima, ia ao encontro e podia conhecer o dinamismo, o empenho e compromisso de tantos homens e mulheres de boa vontade, entre os quais muitos cristãos que, em razão da fé que professam, assumem a profissão como missão que os compromete na transformação do mundo. Impõe-se sublinhar os valores e princípios que orientam as dinâmicas de algumas empresas e associações e que estão profundamente enraizados no Evangelho.

Daqui se depreendem duas conclusões: a relevância que a Igreja ainda representa para a sociedade; a necessidade, na Igreja, de despertar a consciência desta relevância e a urgência de não deixar esmorecer o dinamismo missionário, de modo a fermentar o mundo com os valores do Evangelho.

Como uma forte rajada de vento que põe em reboliço tudo por onde passa, assim o Espírito Santo nos fez tomar consciência, de modo ainda mais profundo, do que o Papa Francisco tanto tem insistido ao convocar a Igreja para abrir as portas, para sair e sujar-se, escutando o que o mundo lhe tem a dizer e a pedir. Ao tomarmos como oração da Visita Pastoral a oração do Sínodo, estávamos longe de imaginar que aquele Eis-nos aqui, diante de vós, Espírito Santo nos levasse por caminhos tão belos, exigentes e comprometedores.

O segundo ponto a destacar é a renovação das comunidades cristãs, através de um compromisso de interparoquialidade. Foram promissores os dinamismos assumidos na preparação e realização das várias atividades no seio das três comunidades. Muitos foram envolvidos, evidenciando a riqueza dos serviços e ministérios que todas as semanas tornam vivas as comunidades, o que possibilitou também sublinhar a generosidade e a abnegação inexcedíveis de tantos, que só o Senhor da messe pode recompensar.

Porque o realismo da vida também nos leva a reconhecer dificuldades e fracassos, a ocasião da Visita Pastoral fez-nos refletir sobre alguns pontos que o Espírito Santo, diante do qual nos expusemos como atitude, parece querer-nos revelar, pedindo que nos saibamos ouvir uns aos outros, para discernir que caminhos podemos trilhar juntos.

Fez-se sentir o cansaço e uma certa apatia por parte das comunidades, resultante dos frutos que tardam a aparecer, após a sementeira realizada, – faz-nos bem recordar a paciência evangélica do agricultor que constata que a «semente germina e cresce, sem ele saber como» (cf. Mc 4, 26-29); também a falta de deslumbramento e encanto diante do mistério de Cristo e da Igreja, motivados por uma rotina que acomoda e pela falta do sentido de pertença como condição para entender que a vida de uma comunidade a todos nos implica, não dispensa ninguém, precisa de todos e não pode deixar ninguém para trás.

Alguns desafios ficam como propósito para o caminho que continua e desta Visita Pastoral recebe incentivo:

  1. Fazer da experiência sinodal vivida ao longo da preparação e realização da Visita Pastoral o estilo da pastoral interparoquial das comunidades cristãs de Marecos, Milhundos e Penafiel;
  2. Iniciar processos em comunhão, que nos libertem do imobilismo e da comodidade do “sempre se fez assim”, pautados pela humildade da escuta e pela liberdade de dizer o que o Espírito inspira em cada um;
  3. Discernir caminhos de fé que conduzam cada um, na comunidade, a fazer a alegre experiência do encontro com Jesus Cristo. Uma fé vivida, feita testemunho, é a condição para a verdade da Igreja que caminha com todos, porque todos somos irmãos em Jesus Cristo.

Estes desafios serão realizados em atitudes concretas que saberemos trabalhar na vida das nossas comunidades:

a) O compromisso empenhado de quem sente como sua a comunidade, por um sentido de pertença sem posse, mas que se traduz no serviço;

b) A atenção ao outro, na sua situação real, por vezes não ideal, ajudando-o a sentir-se parte de um corpo que tem Cristo como cabeça, acolhendo-o como um dom;

c) A abertura ao diferente/ complementar, ousando caminhar juntos, para chegarmos mais longe e mais seguros;

d) Reconhecimento de que, com as instituições da sociedade civil, mais que parceiros, seremos parte de um todo que trabalha pelo bem comum.

Esta foi uma Visita Pastoral que nos fez olhar para dentro e perceber energias e motivações, bem como fragilidades e urgências. Também nos fez olhar para fora e perceber o vasto campo de missão a agradecer, a envolver, a dialogar e com quem caminhar. Com todos, sem deixar ninguém de lado, nem para trás, seremos uma Igreja Sinodal, como sonha Deus para o terceiro milénio.

(inf: paróquias de Marecos, Milhundos e Penafiel)