Mensagem (169): Exclusão- I

Derivada de “ex” (fora de) e “claudere” (fechar, delimitar), a palavra faz referência a algo que se encontra à margem de uma realidade na qual deveria estar incluída. Trata-se de um género de relação, considerado defeituoso ou anormal, entre as pessoas ou grupos e as instituições sociais.

Reporta-se a uma específica identidade entre o indivíduo e os organismos. Quando aquele se coloca ou é colocado de parte, fala-se de exclusão. Se a pessoa se integra no sistema e assume como sua uma identidade social de boa coexistência com as instituições, diz-se que existe inclusão.

Este binómio pessoa/instituições refere-se a todos os âmbitos: economia, cultura, ensino, convívio social, ao domínio da língua usualmente falada, etc. Mas pensemos nas religiões.

O esquema dual da inclusão/exclusão é útil para julgar as relações no interior de um grupo. Por exemplo, o afrouxamento dos laços de pertença à Igreja Católica, no Ocidente, levanta a questão: será que os leigos estão suficientemente integrados? Que fazer para que sintam a Igreja como efetivamente sua e se responsabilizem por ela?

Porém, a interligação entre os grupos é mais complicada. Vejamos as religiões. A relação entre elas costuma acontecer sob um tríplice modelo: ou a inclusão de outras perspetivas na dominante é forçada e estamos perante o fundamentalismo; ou se toleram as sociologicamente menos relevantes, mas, na prática, acabam por se excluir do jogo social, o que conduz a situações semelhantes à anterior; ou se adota uma atitude dialógica pluralista que pressupõe o seu reconhecimento e o apreço pelas “sementes do Verbo”(S. Justino) ou embriões da verdade. Evidentemente, em cristianismo, só esta última perspetiva é válida.

Ao longo da história, já adotamos todos estes arquétipos. A Inquisição, por exemplo, embora começasse por ser um fenómeno político, acabou por empurrar a Igreja para atitudes persecutórias em relação a quem não pensava como nós. Como vemos ainda hoje na cena internacional, os regimes totalitários costumam favorecer a religião dominante em função da coesão social. E as outras eclipsam-se.

Fica-nos, apenas o último modelo: o dialógico. O Vaticano II adotou-o e a Igreja contemporânea vive-o convictamente. É que o cristianismo é integrador por natureza. Pelo menos, vê a exclusão como pecado e pecado grave.

***