Pandemia que continua

Por Joaquim Armindo

Em cada dia que passa ouço que mais um amigo ou amiga está infetado pelo COVID, passou quase a ser normal. Os cuidados que todos e todas tivemos aquando da infeção que matou – e mata -, milhares de pessoas, estão a esboroar-se: porque não é obrigatório, já não se usa – nomeadamente a máscara -, esquecendo-nos que o ser obrigatório ou não, não significa que o vírus não ande por aí. Pode ser que seja menos maléfico, mas as linhagens do vírus inicial são múltiplas e vão-se cada vez mais multiplicando. A saúde pessoal e a saúde ambiental não param de ser afetadas pelo corrupio do malfadado COVID. Os cuidados obrigatórios deveriam ser tornados cuidados pessoais; não é necessário proibir para que se cumpram as medidas necessárias da luta contra a doença. Ainda um destes dias dizia-me um amigo meu recentemente afetado pelo COVID: “deixei de ter cuidados, agora vou tê-los e vou conseguir que outros os tenham”. Quem escreve estas linhas e que pensa estar a cumprir o dever de cidadania e a defender-se contra o vírus, pode vir a ser infetado, mas nunca seja pelo descuido no cumprimento que as medidas da Direção Geral de Saúde deixaram de ser obrigatórias, para merecerem a designação “recomenda-se”.

Tenho observado que, por exemplo, nos templos das igrejas, nas celebrações, as assembleias quase que já não usam máscara, nem mesmos o distanciamento recomendável. Embora, se aconselhe a que cada um e cada uma siga os critérios mais aplicáveis, como dever de um cristão ou cristã, para sua defesa ou defesa do próximo, a verdade é que se esqueceram as medidas mais elementares para a redução do número de casos, relativamente ao COVID. Verdade, e isso é verdade, que os sintomas e a cura da doença agora são mais rápidos e estamos num período em que podemos ultrapassar a maior parte das infeções, mas isso não será razão suficiente para não estarmos atentos à nossa defesa e à do nosso próximo.

Não estou a defender que as medidas passem a ser obrigatórias para que todos e todas cumpram o dever de cidadania, para não dizer o dever cristão. Todos e todas temos consciência de que o vírus está aí e pode infetar qualquer pessoa; por isso mesmo vamos dar uma nossa ajuda e pelo menos a máscara e a desinfeção das mãos fazer. Será uma atitude de quem quer estar atento aos sinais e, até, atrevo-me, uma atitude sinodal, estar consigo e com os outros nesta luta que iniciamos há mais de dois anos.