Um caminhar que não pode parar

Por Joaquim Armindo

O caminho sinodal, de que está agora a terminar uma das fases, nunca poderá parar, nem agora, nem mesmo depois do Sínodo dos Bispos. Por isso é um caminho, que se trilha, e vai sempre continuando a caminhar. O que chegará ao Sínodo dos Bispos são uma pequena parte de tudo que este caminho possui. A Conferência Episcopal Portuguesa depois de receber os resumos das reflexões das dioceses (resumo em dez páginas), vai ela próprio resumi-los e depois apresentar à conferência europeia, que por seu turno resumirá todos os resumos e entregará ao Sínodo dos Bispos, logo o que lá chegará, por muita vontade que tenham as comissões de resumo, é uma pequena parte de tudo aquilo que foi analisado nos pequenos grupos paroquiais e outros movimentos. As riquezas de todas estas reflexões ficam em todos aqueles e todas aquelas que refletiram sobre os problemas que se colocam hoje à Igreja. Será importante o que os resumos dizem e chegará ao destino final, mas, creio, muito mais importante, são as discussões tidas nas paróquias e nos movimentos eclesiais e que nos levará a caminhar e a possuir um novo rumo para a Igreja em Portugal, neste caso do nosso país.

Para termos uma ideia: foram quatro grupos de diáconos que se reuniram separadamente para a reflexão sobre as propostas de discussão, ora um único grupo produziu um documento com dez páginas. Significa que os quatro grupos teriam muitas mais, e que os seus representantes reduziram para o número de carateres que a comissão diocesana recebeu, significando a muita reflexão que nem sequer chegou à comissão diocesana, esta por seu turno vai ter de reduzir as centenas de opiniões recebidas, para um único documento que irá à comissão episcopal portuguesa, que por seu turno – como disse em cima -, refletirá sobre elas e as reduzirá às páginas que podem apresentar. Não se trata de uma censura aos textos, nem um corte, trata-se do bom senso que todas as comissões de redação vão possuir para “levar” toda a matéria discutida, trabalho árduo e complexo, na tentativa de que os pensamentos de todos e todas lá estejam.

O que é realmente importante é que milhares de pessoas refletiram, deram o seu contributo e, certamente, os seus pensamentos serão atingidos. Mas, ainda, o mais importante foi a reflexão efetuada nos pequenos grupos, porque essa fica para um caminhar que não poderá nunca parar. O que fica é a Igreja em movimento, uma Igreja que poderá ser mais decidida neste caminho só agora começado. Venha o que venha a ser discutido em Sínodo dos Bispos, a importância do alerta para uma construção sólida da Igreja já cá está, compete, agora, às igrejas particulares (dioceses) não o esquecer.