Da mesa violenta ao soar dos misseis

Por Joaquim Armindo

A guerra é um si um crime, não vamos discutir barbáries na guerra, ela já é um crime contra a Humanidade, foi com esta proposição que o secretário-geral das Nações Unidas se referiu à invasão da Ucrânia pela Rússia. António Guterres, antigo primeiro-ministro português, sabe do que fala; ele próprio quando jovem sofreu pelo seu compromisso de ajudar os mais pobres nas cheias que ocorreram em Lisboa, ao serviço da Juventude Universitária Católica (JUC), ele embrenhou-se no seu compromisso cristão naqueles momentos, como agora enquanto alto dignatário das Nações Unidas. E viu-se qual as atitudes que tiveram os dois homens que se encontraram: um o “mensageiro da paz”, com a sua humildade cristã, outro o invasor que teima em esquecer que foram as tropas russas que invadiram um outro país e não foi o contrário. É normal existirem divergências entre pessoas ou entre países, mas não o-é seres resolvidas pelas armas, neste momento em que vivemos num século XXI focados na harmonia e bem-estar dos povos. As divergências resolvem-se à mesa das negociações diplomáticas, e não existe nenhuma que não possa ser assim, já não estamos no poder dos impérios, mas no caminho de querermos para a Humanidade, para o Cosmos, a Paz e a Justiça.

Viu-se na postura que os dois homens tiveram na terrível mesa oval, qual muro que separa as vontades da resolução de um conflito. Nem um cumprimento de boas-vindas António Guterres experimentou neste encontro, entre o presidente de um país invasor e o representante de quase duas centenas de países, a distância seria a melhor maneira de dizer ao outro que não estava disposto à Paz. São horríveis as imagens que nos chegaram deste encontro, afinal um desencontro entre a humildade e a arrogância. E foi de longe, seis metros de distância, que convidou Guterres a sentar-se do outro lado da mesa, uma descortesia só por si dissuasora de querer conversar, de querer parar a guerra e continuar a assistir às carnificinas que vamos assistindo.

A fotografia que passou deste encontro foi a da continuação da guerra queiram ou não os povos, que mesmo o invasor diz querer defender. De um lado um homem sentado, com as suas pernas direitas, a afirmar que não há solução para uma guerra a não ser que os outros se rendam. Do outro lado um homem, com as suas pernas curvadas, o seu estilo de “mensageiro da paz”, a pedir para não existirem mais mortes. Este teve a resposta: dois misseis quando se encontrava no país invadido, realmente a mesa oval existia entre a guerra e a Paz e Justiça.

Como cristãos e cristãs estamos chamados sempre a ser “mensageiros da Paz”, e quem quer continuar uma guerra, que como todas são injustas, hão de saber que estamos sempre – como António Guterres está -, confiados que com todas as nossas ações haveremos de parar com esta guerra, com esta invasão.