Na Missa Crismal, D. Manuel Linda lembrou que “o sacerdote leva aos ombros o povo que lhe está confiado”. Sustentou a importância de uma “ética do cuidado expressa em afetos, simpatia, cordialidade, amor misericordioso”. E pediu unidade: “façamos tudo em prol da união e velemos para não dar passos desagregadores” – afirmou. Porque “a Igreja deste tempo reclama pastores bons”.
Por Rui Saraiva
Na homilia da Missa Crismal, em dia de Quinta-Feira Santa, celebrada numa Catedral repleta de sacerdotes e diáconos, o bispo do Porto alertou para o perigo da troca do “sacerdócio” pela vida de “administrador”.
Assinalou a diferença entre “o Bom Pastor” e um “mercenário”. Ou seja, como “hoje diríamos: a distinção entre o sacerdote e o gerente ou administrador” – disse.
Recordando a primeira homilia do Papa Francisco numa Missa Crismal, D. Manuel Linda referiu “o simbolismo dos paramentos da antiga Aliança”. “O Sumo-Sacerdote usava uma espécie de casula na qual estavam duplamente gravados os nomes das tribos de Israel: seis sobre o ombro esquerdo e outros seis no direito. Ao centro do peito, junto ao coração, numa pedra preciosa, repetiam-se os nomes de todas as tribos” – lembrou.
Na ocasião o Santo Padre disse que esta “é uma maneira bela de exprimir que o sacerdote leva aos ombros o povo que lhe está confiado, tal como o Bom Pastor leva a ovelha perdida e reencontrada, porque a ama e a tem presente no seu coração. Conhece-a pelo nome e, mesmo que afastada pela perda, não a retirou do seu coração” – declarou.
“Esta é a imagem sublime que nos tem de motivar sempre” – frisou D. Manuel Linda.
Para o bispo do Porto a missão do sacerdócio “reside na misericórdia divina que nos confiou esta missão. “Esta é a razão do nosso ministério” – declarou D. Manuel Linda frisando a importância dos ministros ordenados se interrogarem sobre a maneira como desempenham as suas funções.
“Podemos realizá-lo com a frieza do funcionário ou com o calor paterno de quem cuida do povo como o Pai cuida de nós” – refletiu o prelado.
Para o bispo do Porto é essencial uma “ética do cuidado expressa em afetos, simpatia, cordialidade, amor misericordioso”.
“Também devemos questionarmo-nos sempre a respeito da qualidade de relacionamento com o nosso povo, da alegria com que o servimos, da forma como o tratamos, do zelo por encontrar atitudes simpáticas e atraentes de acolhimento e amabilidade” – acrescentou D. Manuel Linda.
O bispo do Porto assinalou a necessidade da “reconstrução das comunidades fortemente abaladas pela pandemia”. Disse mesmo que “a Igreja deste tempo reclama pastores bons, mas que não desconheçam os afetos e os usem no dia-a-dia. Mesmo na relação com aqueles que, porventura, se nos dirigem com as mãos cheias de pedras” – afirmou.
Pediu à unidade fazendo um “apelo a todos” os sacerdotes e diáconos: “Façamos tudo em prol da união e velemos para não dar passos desagregadores. Seria gravíssimo que um presbítero ou um diácono entrasse em conflito com outro ministro ordenado ou até que não lhe dedicasse aquela simpatia fraterna que constitui o cimento familiar. Nesse caso, colocar-se-ia à margem do presbitério ou do grupo dos seus irmãos diáconos.”.
Para D. Manuel Linda “o Porto, que sempre se distinguiu pela coesão, continuará a dar essa lição a um mundo desagregado e individualista”.
Na homilia da Missa Crismal, o bispo do Porto lembrou os seguintes sacerdotes falecidos: “Américo Vilar (08/10/2021), Joaquim da Silva (21/10/2021), Adrião Monteiro (21/12/2021), António Múrias de Queirós (08/02/2022), António Baptista (23/02/2022), Mário Pais de Oliveira (24/02/2022), Álvaro Tavares (03/03/2022), Fernando Soares (17/03/2022, da Arquidiocese de Évora), Franclim Fernandes (25/03/2022), Isaías de Pinho (27/03/2022) e Manuel da Silva Santos (07/04/2022), bem como o Diác. Manuel Augusto Maia (12/03/2022)”.
Citou os oito diáconos ordenados a 8 de dezembro de 2021 e que, “se Deus quiser, serão padres a partir de julho próximo. São eles: Alexandre Moreira, Gerardo Comayagua, Hugo Cunha, João Azinheira, José Emanuel Amorim, Massimiliano Maria Arrigo e Tiago Dias”.
Assinalou os que cumpriram bodas de prata sacerdotais: “Agostinho Watela (Diocese de Benguela), Álvaro Rodrigues (Dehoniano), Artur Jorge, Artur Moreira, Augusto Vieira, Feliciano Garcês (Dehoniano), Fernando Coutinho, Humberto Martins (Dehoniano), Paulo Teixeira, Acácio Carvalho (Redentorista) e Simão Avelino (Salettino)”.
Também os que celebraram bodas de ouro: “Albino da Silva, António de Sousa Alves, António Machado, Domingos Sá, José Domingues, Con. José Lopes Baptista e Joaquim Ribeiro”.
“Assinalamos os sessenta anos de sacerdócio (ordenados em 1962) de: António Teixeira Fernandes, Eugénio de Pinho, Fernando Gonçalves, Godofredo Silva, Joaquim Moreira dos Santos, Joaquim Ferreira, Manuel Vales e Nuno de Oliveira. Também os setenta anos de intensa vivência sacerdotal (ordenados em 1952), de: Augusto Guedes Pinto, José Dias, José Oliveira e Mons. Manuel Clemente” – recordou D. Manuel Linda.
O bispo do Porto anunciou ainda que o Santo Padre atribuiu o título de Monsenhor a cinco párocos da diocese do Porto: Agostinho Jardim Moreira (S. Nicolau e Vitória, Porto), António Orlando dos Santos (Gueifães e Milheirós, Maia), Domingos Jorge do Aido (Maia), Fernando Nuno Queirós (Santo Ovídio, Gaia) e Manuel Correia Fernandes (Senhora do Porto).
Na Missa Crismal, após a homilia, os concelebrantes renovaram as promessas sacerdotais, o bispo abençoou o óleo dos catecúmenos e enfermos e consagrou o do crisma. Óleos que serão usados tanto na administração dos sacramentos do Batismo e da Confirmação como nas ordenações ou na consagração de uma igreja.
RS