
Nos sacos de carvão nunca vi a palavra “Frágil” escrita a vermelho, em letras garrafais. Nos aparelhos mais sofisticados, sim, é frequente. O carvão representa o passado, uma pré-história fossilizada; esses dispositivos avançados, identificam o presente, o ponto de chegada do «progresso», uma linha aberta ao futuro. Só que, curiosamente, as tecnologias parecem pôr a nu o processo de evolução: a complexidade não redunda em fortaleza, mas em fragilidades notórias.
Pensemos na guerra. David, com uma funda ou fisga, imobilizou Golias que o defrontava com armamento mais «moderno»: uma lança de ferro. Um ganhou e só outro sofreu. E quando ouvimos falar de razias, saques e pilhagens em África, de facto, os resultados são terríveis, mas o mal circunscreve-se, geralmente, a uma pequena área: uma aldeia ou pouco mais.
Não assim nas regiões do mundo ditas cientificamente evoluídas. Aí, os efeitos diretos e indiretos das armas de destruição são bem mais notórios: não só arrasam a região como, ao nível do tempo, geralmente deixam resultados deletérios nas gerações futuras. É o caso das biológicas e químicas. E quanto às nucleares, bem sabemos da sua capacidade de extinguir a vida à face da terra. Sim, basta um louco para destruir biliões de humanos. Terrível!
Quer isto dizer que este processo dito de evolução representa, tantas vezes, acrescentar fragilidade às fragilidades congénitas. É verdade que a técnica nos traz coisas maravilhosas. Mas coloca-nos mais expostos, mais desabrigados, mais desprotegidos. E mais amedrontados, mais abatidos, mais temeratos. Mais infelizes.
A Igreja anda, há muito, a chamar a atenção para este modelo de desenvolvimento. Diz que nem tudo o que é possível tecnicamente deve ser feito. Não obstante, não tem sido ouvida. Embarcada numa alegre insensatez, grande parte da sociedade e da cultura dominante não quer freios éticos, adora a liberdade como se ela fosse um fim em si mesma, embala-se numa inconsciência comparável à dos concidadãos de Noé, antes do dilúvio.
Arrepiemos caminho enquanto é tempo. Por exemplo, não façamos dos cyborgs e da inteligência artificial a nova arma para a destruição da humanidade. Pelo menos, da destruição do humanismo da humanidade.
Ainda há tempo? Há! Porque o Espirito de Deus é quem conduz o rumo da história.
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