“Contemplar, acolhimento, hospitalidade, solidariedade e proximidade” foram palavras sugeridas pelo Substituto da Secretaria de Estado do Vaticano aos seminaristas na sua visita ao Seminário Maior do Porto.
Por Rui Saraiva
Na manhã de sábado 19 de fevereiro, o Substituto da Secretaria de Estado do Vaticano, D. Edgar Peña Parra, esteve com os seminaristas da diocese do Porto. Presentes os alunos do Seminário Maior do Porto, do Seminário Redemptoris Mater, entregue aos cuidados do Caminho Neo-Catecumenal e do Seminário do Bom Pastor.
O encontro foi no Seminário Maior do Porto e D. Vitorino Soares, bispo auxiliar do Porto e reitor daquele Seminário, proferiu palavras de acolhimento e agradecimento ao Substituto da Secretaria de Estado do Vaticano pela visita.
Referiu que naquele seminário especificamente são acolhidos alunos das dioceses do Porto, Vila Real e Coimbra. Enfatizou que naquela instituição procuram crescer como irmãos fomentando uma vida em fraternidade.
D. Vitorino Soares declarou que prosseguem um projeto de formação como “discípulos de Jesus”. “Como o bom pastor que vive e dá a vida pelas suas ovelhas” – afirmou.
Nas palavras que dirigiu aos seminaristas, D. Edgar Peña Parra começou por sublinhar a necessidade de ser dada uma “atenção especial ao trabalho diário”. “Estamos a viver uma mudança de época” – referiu. Uma mudança que deve ser lida “com profecia e esperança” – disse.
Assinalou que desafios como a “evangelização no mundo digital” devem levar a uma “mudança de mentalidade pastoral”. “Sair e levar a todos o Evangelho” – afirmou.
O Substituto da Secretaria de Estado do Vaticano, assumiu duas palavras orientadoras para a formação nos seminários: Discípulo e Pastor.
Discípulo
“Um padre é discípulo do Senhor” é, pois, fundamental “ter relação pessoal com o Senhor”. “Tenho 42 anos de ordenação e tenho ainda tanto que aprender” – declarou.
“Temos que dizer sim todos os dias” – frisou o prelado pois somos “discípulos em caminho”.
Recordou as palavras do Papa Francisco quando convida a “não perder o momento do primeiro amor”. Para tal é necessário investir na “atenção à vida espiritual” – disse D. Edgar Peña Parra.
“Ser padre não é uma tarefa administrativa” – referiu o diplomata assinalando que a sua atividade no Vaticano tem muito tempo de trabalho burocrático, mas procura lembrar-se que “atrás de cada papel está uma pessoa” – afirmou.
A vida sacerdotal é “uma vida consagrada ao Senhor” – salientou.
Pastor
Na vida sacerdotal ocorre viver uma outra dimensão, para além daquela de discípulo de Jesus, que é a de pastor – apontou D. Edgar Peña Parra. “Assumir os sentimentos de Cristo” sendo “homens de misericórdia” – sublinhou.
Destacou que, às vezes, os párocos estão “fechados nas suas paróquias” e não se dedicam a “propagar o gosto de Deus à nossa volta” – frisou.
“Contemplar, acolhimento, hospitalidade, solidariedade e proximidade” são palavras que D. Edgar assinala como importantes na vida de um sacerdote, sugerindo que é bom “conhecer o nome de todos” aqueles com quem lidamos e trabalhamos.
O diplomata da Santa Sé deixa mesmo um conselho: “Às vezes é melhor diminuir o ritmo e dar tempo a acompanhar aqueles que ficaram caídos no caminho”.
Em conclusão, D. Edgar Peña Parra recomendou que nos seminários se devem cultivar “relações saudáveis” que permitam um “percurso interior que torne capaz de aprender a própria personalidade”.
“Ser triste e nervoso não é bom e não faz bem” – referiu assinalando a importância de um seminarista “ser honesto” com os outros e consigo próprio.
Pedindo para os seminaristas e seus formadores não descuidarem a formação intelectual, D. Edgar Peña Parra aconselhou a que sigam nas suas vidas um “estilo sinodal fazendo caminho com o povo de Deus”.