Ecumenismo e participação

O Sínodo dos Bispos, 2023, quer ouvir, para tomar decisões, todas as partes interessadas e considera no documento preparatório ser fundamental a escuta de outras tradições religiosas, escuta enquanto diálogo, para perceber o que os nossos irmãos e irmãs em Jesus pensam sobre o caminho sinodal.

Por Joaquim Armindo

De realçar que já há muitos documentos que abandonaram a terminologia de “irmãos separados”, para enfrentar um outro caminho de corresponsabilidade na missão. E considerando isso fundamental pergunta quais os relacionamentos que as comunidades católicas romanas têm com as outras confissões cristãs, quais as facilidades que têm existido no caminhar juntamente em tantas questões que na vida aparecem, nomeadamente nos âmbitos desse trabalho e os frutos colhidos neste diálogo ecuménico, ao mesmo tempo que se pretendem saber as dificuldades encontradas. Quando se fala em “frutos”, todos os documentos vão nessa linha, não se trata se se conseguiram trazer muitos dos nossos irmãos para a nossa confissão, mas como crescemos conjuntamente no Evangelho do Senhor. Esta questão é muito importante, porque se trata de um envolvimento mais efetivo no movimento ecuménico e que este seja refletido no Sínodo dos Bispos. Aqueles que eram tratados como necessidade de reintegração na igreja católica romana são agora irmãos e irmãs que, conjuntamente, trabalham para a vivência do reino de Deus.

Outro dos pontos importantes (o VIII núcleo) trata da “autoridade e participação” e coloca um “dedo em feridas abertas”, como o que é o exercício da autoridade numa diocese. Mas a autoridade é um “posto de comando” ou, por outro lado, é um serviço reconhecido para quem a autoridade é dirigida? Onde não existe autoridade reconhecida pelo serviço, pelo saber, não poderá existir “uma igreja sinodal” participativa e corresponsável. A participação a todos os níveis da igreja é o garante da participação corresponsável, se assim não for exercitado, então poderemos estar perante o dito: “eles é que sabem, façam”; isto verifica-se na vida da Igreja, principalmente nos ministérios laicais – todo o cristão ou cristã tem um ministério! – que abandonam as comunidades, porque elas não são comunidades, mas antes frações incapazes do diálogo aberto e compreensível.

Se é verdade que o discernimento, com base num consenso comum, dimana da obediência ao Espírito, também é que o Espírito sendo um vento que sopra como quer e para onde quer, não existem lugares privilegiados para o Espírito do Senhor.