Corresponsabilidade pressupõe diálogo

Se é verdade que a Eucaristia faz a Igreja e a Igreja faz a Eucaristia, também sempre é, que sermos corresponsáveis na missão, pressupõe a sinodalidade da igreja. Isso, antes de mais, chama ao diálogo todos e todas que formamos a igreja, um diálogo efetivo que se dá na celebração, na missão e na sociedade. Não é possível Eucaristia sem escuta comunitária da Palavra, assim como não é possível caminhar juntos sem que os fiéis tomem assento nas decisões da Igreja. Celebrar e participar na Eucaristia significa pertencer a uma igreja corresponsável vivida no diálogo com a Humanidade, e esse diálogo é pressuposto ser desencadeado na própria comunidade cristã. O diálogo com a sociedade é fundamental para uma igreja aberta ao diálogo em si própria, digamos, até que só é possível dialogar dentro da igreja a quem o exerce fora da igreja, e isso é um fundamento imprescindível para se compreender a corresponsabilidade em missão. Celebrar é isto: viver e caminhar juntos, alimentados pela Eucaristia e, portanto, impossibilidade de não estarmos atentos ao diálogo. Sem um diálogo aberto, e não hierárquico, pode existir celebração e corresponsabilidade e, assim, a inspiração das decisões mais importantes saíam do seio do Povo de Deus, que encerra e liberta em si o Espírito do Senhor.

O mais difícil é fazer da Eucaristia o alimento contínuo do “caminhar juntos”, desde clero e leigos, estes muito mais, porque são o suporte de toda a ação evangelizadora e de missão. Daqui, da Eucaristia, deveria nascer o diálogo que leva à corresponsabilidade, e é legitimo perguntar se não se exercer a sinodalidade ainda falaremos em Eucaristia. Dela se projeta o compromisso do diálogo com toda a Humanidade, no seu sentido plural, ou seja, o diálogo com todos os seres bióticos e abióticos, sem este compromisso e caminho em conjunto, não há diálogo nem na igreja, nem na sociedade.

Como é que todos e todas fazemos do diálogo “um caminho de perseverança, que inclui também silêncios e sofrimentos, mas é capaz de recolher a experiência das pessoas e dos povos.” (núcleo IV do documento sobre o Sínodo dos Bispos)? Como vamos para o meio da Humanidade proclamar o Evangelho sem reconhecermos a variedade de opções cristãs e procurar aquilo que de melhor existe na Humanidade? Como vamos em corresponsabilidade juntos na missão de Jesus, sem excluirmos os medos instalados pelas hierarquias dos poderes, sejam eles quais forem?

Só existe corresponsabilidade na missão se o diálogo for estabelecido, não diálogo de cátedras, mas juntos pelo caminho, tantas vezes espinhoso, que temos pela frente. Excluir alguém, não é dialogar, não é ser corresponsável, nem viver em Eucaristia.