É conhecido o dito antigo: “Se a juventude arrefece, o mundo bate o dente”. Com precisão, alguém o modificou: “Se a juventude arrefece, a Igreja congela”. E há nisto muita sabedoria.
De facto, entre Igreja e jovens existe um lastro comum que os tem levado ao encontro e à sintonia: ambos estão irmanados na mesma contestação à sociedade de consumo, na crítica à insolidariedade, no mesmo desejo e idealismo de transformar o mundo. Este é um dado «natural» que faz da Igreja jovem e dos jovens «eclesiais». Pelo menos em potência.
Entretanto, nestes últimos tempos, parece que, entre as duas partes, aconteceu um amuo. Como os dos namorados. Alguns falam mesmo em divórcio. E diz-se: os jovens precisam de ouvir a Igreja. Será isso? Sim, sem dúvida. Mas, porventura, a Igreja não precisará menos de ouvir e copiar algumas atitudes dos jovens. Estes têm muito que lhe ensinar.
Em primeiro lugar, a Igreja deve aprender dos jovens a expressão numa linguagem mais emocional e o sentido da alegria contagiante. A fé não é uma «boa nova», uma alegre notícia? Se o é, porque não colocar mais alegria e emoção na verdade que se transmite? Uma Igreja triste não convence ninguém. Como se costuma dizer, um santo triste é um triste santo: em vez de entusiasmar… mete pena. A alegria é reclamada pela própria verdade que se anuncia: a felicidade de sermos salvos. Isso é que fará dela uma Igreja sinodal, acolhedora, ouvinte, próxima, ousada.
Depois, a Igreja tem de perder complexos de identidade e não ter medo de se aproximar dos outros. Se é católica ou universal por natureza, precisa de não «desconfiar» de ninguém e saber aproximar-se de todos. Tem de testemunhar, tal como os jovens com fé fazem perante os seus pares e lhes mostram que ela contribui para a sua realização pessoal. Esta é a verdadeira dimensão missionária. A única que gera adesão. E os jovens são especialistas nisto.
Entre Igreja e jovens há boas razões para o encontro. Para benefício daquela, que tem de ser mais juvenil. Até no barulho, pois uma Igreja demasiadamente silenciosa é uma Igreja morta. Como intuía o Papa Francisco nas Jornadas do Rio de Janeiro, em 2013: “Espero que façam barulho. Quero que se façam ouvir. Quero que a Igreja saia pelas estradas”. Como eles e com eles.
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