
Na primeira semana de trabalho da Comissão Independente foram registados 102 relatos.
Segundo informa a Agência Ecclesia, “a Comissão Independente para o Estudo de Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica em Portugal registou mais de 100 testemunhos, na sua primeira semana de trabalho”.
Foi o coordenador da Comissão, Pedro Strecht, a revelar estes dados através de uma nota escrita enviada à Agência Lusa, referindo terem sido registados 102 relatos logo na primeira semana de trabalho.
“Os testemunhos foram recolhidos desde o último dia 11, através do preenchimento de inquérito ‘online’ ou por chamada telefónica” – informa a notícia da Agência Ecclesia.
“As histórias de abuso e trauma ouvidas e/ou registadas contêm momentos de profunda dor e sofrimento e, claro está, décadas de silenciamento de cada pessoa, todos merecem a nossa profunda empatia e respeito” – sustenta Pedro Strecht, na nota divulgada no sábado dia 15 de janeiro.
O coordenador desta Comissão revela ainda que os depoimentos são de pessoas entre os 30 e os 80 anos, “todas abusadas enquanto crianças”. Salienta que a Comissão já tem “situações agendadas para contacto pessoal”.
Na última semana o Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa assinalou em comunicado de imprensa que “tomou nota da apresentação pública da Comissão” e que saúda o seu trabalho “congratulando-se com os passos iniciais até agora empreendidos”.

Recordemos que a Comissão Independente para o Estudo de Abusos Sexuais na Igreja Católica em Portugal promoveu na segunda-feira, dia 10 de janeiro, a apresentação pública da sua equipa e plano de trabalho, divulgando contactos para recolher denúncias e testemunhos de vítimas.
Na altura a Comissão informou que vai abordar no seu estudo o período que vai de 1950 a 2022. O objetivo é encontrar testemunhos e números de casos na Igreja Católica em Portugal.
Há um endereço a registar e usar: https://darvozaosilencio.org/.
Pedro Strecht, coordenador do organismo, disse aos jornalistas na ocasião que a comissão existe “para estar ao lado das pessoas, tem disponibilidade total para as escutar, a seu tempo e com tempo” – assinalou.
A Comissão Independente para o Estudo de Abusos Sexuais na Igreja Católica em Portugal é constituída pelos seguintes elementos:
Pedro Strecht, médico pedopsiquiatra e coordenador da Comissão;
Daniel Sampaio, psiquiatra e professor catedrático jubilado da Faculdade de Medicina de Lisboa;
Álvaro Laborinho Lúcio, juiz conselheiro jubilado do Supremo Tribunal de Justiça e antigo Ministro da Justiça;
Ana Nunes de Almeida, socióloga e investigadora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa;
Filipa Tavares, assistente social e terapeuta familiar, que trabalhou cerca de 25 anos numa IPSS;
Catarina Vasconcelos, cineasta, licenciada na Faculdade de Belas Artes com pós-graduação em Antropologia Visual no ISCTE.
Para Pedro Strecht, coordenador desta Comissão, está em causa a “reparação da dignidade” de cada vítima, para que o seu testemunho seja acolhido e valorizado.
O pedopsiquiatra afirmou ainda ter encontrado, por parte dos responsáveis católicos, uma posição “clara e inequívoca” sobre a necessidade desta investigação.
RS