
O diálogo entre gerações para construir a paz, é dos pontos abordados pelo bispo de Roma, papa Francisco, na sua mensagem do Dia Internacional da Paz, que se comemora todos os anos em 1 de janeiro.
Por Joaquim Armindo
Dirigindo-se aos governantes de todos os países e a todos os que têm responsabilidades políticas e sociais, mas, também, ao clero das igrejas e aos animadores das comunidades cristãs e, ainda, a todos os homens e mulheres de boa vontade, apela para que todos caminhemos juntos, pelas estradas do diálogo entre gerações, a educação e o trabalho, com “coragem e criatividade”, “humildade e tenacidade”, para que todos e todas se tornem artesão e artesãs de paz, porque Deus é uma bênção de Paz. Sabemos, diz, que “Num mundo ainda fustigado pela pandemia, que tem causado tantos problemas, “alguns tentam fugir da realidade, refugiando-se em mundos privados, enquanto outros a enfrentam com violência destrutiva, mas, entre a indiferença egoísta e o protesto violento há uma opção sempre possível: o diálogo, [concretamente] o diálogo entre as gerações”. Para dialogar, porém, – digo eu -, é necessário que os poderes constituídos, quer ao nível político ou social, quer ao nível das religiões, seja honesto e sincero, desimpedido de solipsismos atormentadores dos caminhos dos construtores da Paz. Não basta falar de Paz, quando se preparam as guerras fratricidas, nomeadamente entre as religiões. “A Paz é possível”, quando o diálogo intergeracional for de “confiança recíproca” e não de “solidão e isolamento” de tantas pessoas, de tantas ideias.
Quando afastamos tantos homens e mulheres do diálogo, só porque as suas ideias são diferentes, não estamos a ser “generosos e testemunhos de compaixão, partilha e solidariedade” e, até, invocamos sórdidas explicações para as atitudes que vamos tomando. O diálogo faz-se ao “ouvir-se um ao outro” e não afastando o “outro” só porque ele desenha um outro caminho para um mundo diferente. Faz-se porque “Eu” só existo porque “Tu” existes.
A construção da Paz é possível, necessária e urgente, para respondermos em uníssono à colaboração entre as gerações, à colaboração e respeito mútuo entre homens e mulheres, “trocando entre si conhecimentos, experiências e competências em vista ao bem-comum”. A gramática que temos utilizado é a da guerra e deveremos usar uma gramática de Paz. É tantas vezes nesta gramática envelhecida a nossa aposta, em vez de uma gramática nova, que o Evangelho nos propõe. Uma gramática onde o neocapitalismo e o neocolonialismo não podem ter lugar, e outros poderes que se vão formando, para inaugurarmos a Construção da Paz.