Sínodo e JMJ: caminhos para 2022

Foto: COD Beja

Durante este ano 2022, a Igreja terá em desenvolvimento dois grandes eventos globais que decorrerão no ano 2023: o Sínodo dos bispos sobre a sinodalidade que terá lugar em Roma e a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) que decorrerá em Lisboa.

Por Rui Saraiva

Ambos os acontecimentos estão neste momento em período de preparação. O Sínodo está na fase de consulta nas dioceses do mundo até agosto deste ano. A JMJ está a percorrer as dioceses portuguesas com os seus símbolos, a cruz peregrina e o ícone mariano Salus Populi Romani, numa peregrinação que já teve duas importantes passagens no Algarve e em Beja. Em janeiro é a diocese de Évora que acolhe os símbolos.

Sínodo é encontrar, escutar, discernir

Com o lançamento do Sínodo de 2023, o Papa apela ao início de um verdadeiro processo sinodal em todas as dioceses do mundo. Um movimento “que não seja uma convenção eclesial, um congresso de estudos ou um congresso político” – disse o Papa na Missa que inaugurou o Sínodo a 10 de outubro de 2021 no Vaticano.

“Para que não seja um Parlamento” – sustentou o Santo Padre apelando a que seja “um evento de graça, um processo de cura conduzido pelo Espírito Santo”.

Francisco lançou uma questão concreta: “Ao abrir este percurso sinodal, comecemos todos (Papa, bispos, sacerdotes, religiosas e religiosos, irmãs e irmãos leigos) por nos interrogar: nós, comunidade cristã, encarnamos o estilo de Deus, que caminha na história e partilha as vicissitudes da humanidade?”.

Acrescentou ainda uma outra inquietação: “Permitimos que as pessoas se expressem, caminhem na fé – mesmo se têm percursos de vida difíceis -, contribuam para a vida da comunidade sem serem estorvadas, rejeitadas ou julgadas?”

Na sua homilia, o Papa frisou três verbos essenciais a conjugar neste itinerário sinodal que agora se abre para toda a Igreja: “encontrar, escutar, discernir”.

“Fazer Sínodo é colocar-se no mesmo caminho do Verbo feito homem: é seguir as suas pisadas, escutando a sua Palavra juntamente com as palavras dos outros” – disse ainda o Santo Padre.

No fundo com este Sínodo o Papa Francisco propõe a própria sinodalidade como tema e como estilo eclesial para a Igreja deste século XXI. Expressando aquilo que é a Igreja: o povo de Deus que caminha na unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

“Por uma Igreja Sinodal: comunhão, participação e missão” é o tema da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos bispos de outubro de 2023. Até agosto de 2022 decorre a fase diocesana. Depois será a vez da fase continental. Um grande desafio para a Igreja neste ano de 2022.

Símbolos JMJ, “movimento de evangelização”

Um outro grande desafio neste ano de 2022 é a peregrinação nacional dos símbolos da JMJ que começou em novembro de 2021 no Algarve. “Um movimento de evangelização que leve Cristo às periferias da sociedade”, como disse o jornalista Samuel Mendonça, diretor do jornal diocesano do Algarve “Folha do Domingo”, em declarações ao Vatican News, referindo-se à peregrinação dos símbolos da JMJ naquela diocese.

Foram os algarvios os primeiros a acolher os símbolos em Portugal, neste percurso de fé até à diocese de Lisboa que receberá a cruz e o ícone mariano em julho de 2023 e que de 1 a 6 de agosto será palco do grande encontro de jovens.

O passado mês de dezembro viu o Alentejo ser tocado pela alegria dos símbolos da JMJ no acolhimento carinhoso da diocese de Beja. Numa crónica também para o portal de notícias do Vaticano, o padre Francisco Molho, diretor do Comité Diocesano de Beja, referia que “num Alentejo interior, profundamente envelhecido, não tem sido fácil chegar às camadas mais novas”. Mas os símbolos não deixaram de percorrer escolas, ruas, praças e mercados e a Zambujeira do Mar até foi o local escolhido para uma Via-Sacra.

E a equipa missionária da diocese de Beja, que está a acompanhar a peregrinação dos símbolos, referiu ao Vatican News uma particularidade sublinhando que a visita da cruz e do ícone no arciprestado de Moura, em Barrancos, ficou marcada pelo facto de ter sido “a equipa de futebol que carregou os símbolos até à igreja”. “Assim se procurou unir à fé não só a cultura e a arte, como também o desporto e a missão” – referem os jovens de Beja. Uma ideia que pode ser sugestão para as outras dioceses.

Agora neste mês de janeiro é em Évora que os símbolos proporcionam momentos de intensidade de encontro e partilha preparando o caminho dos jovens para a JMJ Lisboa 2023.