Advento é sempre uma novidade

O tempo litúrgico que estamos a viver, do Advento, é sempre uma novidade. Um menino, Jesus, faz anos nasceu e traz consigo uma grande novidade, não é uma notícia do antigo testamento, mas da inauguração de um tempo nobre por onde estamos a passar, é uma construção da arquitetura e modelação das relações entre o género humano.

Por Joaquim Armindo 

Não só, porque o sinal da estrela refaz-nos a pensar nos cosmos; a vida não é constituída por um povo e um caminho, mas por muitos povos e caminhos, daí uma identidade configurativa de um novo mundo, uma nova identidade cósmica, que é multiplicativa chegando assim á unidade, unidade de vida e de reflexão, na discussão acalorada dos nossos dias, e na descoberta de uma nova origem que nos faz filhos e filhas de Deus. A obscuridade feita de centenas de leis, deu lugar a um acampamento de amor; e é assim que nasce o amor, feito e entrelaçado por mil luzes iluminando o menino. Em cada ano que decorre o advento existe sempre novidade, assente nas memórias e nas relações fraternas, e, como disse, num planeta cósmico traçado pela alegria de ser Natal.

Cada corrida que ao longo do ano vamos fazendo coloca-se numa meta que é sempre o advento, de tantas novidades que fomos vivendo ao longo do ano e nos faz esperar que o menino nos traga as prendas de uma vida vivida no traço ecuménico dum mundo renascido. Por isso, o advento é sempre uma espera para um novo ano que nos apraz ser de paz e de reconciliação. O que nos faz falta é esta reconciliação que tantos não querem absorvidos nos seus poderes sejam económicos, políticos, sociais ou culturais ou mesmo eclesiais, que por isso não desejam o desenvolvimento de relações normais entre os humanos, mas que seja de guerra, porque é pela guerra que se vendem armas.

A grande novidade deste menino é dum tempo novo, renascido das cinzas que queremos pelas nossas ações que não renasça, mas o advento traz consigo sempre a promessa de que é possível a reconstrução do reino de “mana leite e mel” e atira as espingardas para a fogueira das fronteiras; estas só existentes para dificultar a presença ativa e amorosa entre os povos. Ter esperança de que a novidade nasça, frutifique e faça do género humano vidas que se sobreponham ao neocapitalismo existente, vidas que gerem vida, que gerem um bem-viver, numa sociedade sem lucros, a não ser o lucro do amar. O menino é a novidade, em cada ano renascido, em cada ano num advento de fruto, que nos faça renascer a esperança em cada uma das pessoas, porque elas são a glória de Deus.