Mensagem (144): Festa da fé

Ao transferir as Jornadas Diocesanas da Juventude do dia de Ramos para a Solenidade de Cristo Rei, o Papa Francisco não só pretendeu encorajar a sua valorização como transformá-las em experiência de uma Igreja mais centrada nos jovens e que, com eles e por eles, recupera a alegria contagiante da fé. Uma Igreja que sabe fazer festa mediante o encontro com o outro. Que concilia espiritualidade com entusiasmo juvenil.

Eis alguns “pontos cardiais” a destacar nesta celebração e nesta mudança. Antes de mais, as Jornadas constituem uma experiência de Igreja como os tempos e o futuro a reclamam: sinodal, acolhedora, ouvinte, próxima e valorizadora da diversidade, incluindo a da linguagem. E ocasionam uma vivência missionária: os jovens veem para serem enviados aos seus pares como grandes testemunhas da fé. E como «prova» de que esta possui algo de próprio a oferecer-lhes para a sua realização existencial.

Favorecem a associação entre o discernimento vocacional e a chamada à santidade. Quando a vida se assume frente a Deus, deixa de ser autorreferencial para reclamar escolhas empenhativas: é dom recebido para se tornar dom oferecido. Deixa de ser medida em termos de sucesso pessoal para ter como bitola o bem a realizar. Por esta razão, não espanta que vários sacerdotes e religiosos tenham descoberto a sua vocação a partir destas celebrações.

Configuram uma peregrinação no espaço e no tempo e são inclusivas pelas origens, cultura, mentalidades e cor da pele dos participantes. Num mundo de viajantes sem meta nem rumo, de turismo despreocupado e individualístico, os jovens deslocam-se para o encontro e para um caminhar conjunto. Por isso, saboreiam já a fraternidade universal.

E caracterizam-se pela festa. Enquanto, habitualmente, se experimenta o entusiasmo a partir de estímulos sensoriais exteriores, aqui o contentamento e a alegria dão-se no encontro com Jesus na celebração, no louvor, na adoração, no silêncio e no sentir-se perdoado. O que gera um estado de bem-estar que jamais qualquer psicotrópico consegue originar.

Na sua sabedoria reconhecida, Bento XVI definiu as Jornadas como “um medicamento contra o cansaço da fé”. Façamos bom uso dele.

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