Domingo I do Advento

28 de Novembro de 2018

 

Indicação das leituras

Leitura do Livro de Jeremias                              Jer 33, 14-16

«farei germinar para David um rebento de justiça que exercerá o direito e a justiça na terra»

 

Salmo Responsorial                                            Salmo 24 (25)

Para Vós, Senhor, elevo a minha alma.

 

Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Tessalonicenses        Tes 3, 12 – 4, 2

«O Senhor vos faça crescer e abundar na caridade uns para com os outros e para com todos, tal como nós a temos tido para convosco»

 

Aclamação ao Evangelho           Salmo 84, 8

Mostrai-nos, Senhor, a vossa misericórdia

e dai-nos a vossa salvação.

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas               Lc 21, 25-28.34-36

«Hão-de ver o Filho do homem vir numa nuvem, com grande poder e glória».

«Erguei-vos e levantai a cabeça, porque a vossa libertação está próxima»

«Vigiai e orai em todo o tempo, para que possais livrar-vos de tudo o que vai acontecer e comparecer diante do Filho do homem»

 

Viver a Palavra

O texto do Evangelho para este Domingo, começa por evocar os sinais presentes «no sol, na lua e nas estrelas» e descreve o modo como «as forças celestes serão abaladas». Os astros são o relógio cósmico a partir do qual a humanidade ritma o seu tempo e constrói a sucessão dos dias e dos anos: calculamos os anos da nossa vida pelas voltas dadas ao sol; os navegadores desbravaram os mares e chegaram a terras desconhecidas guiados pelos astros; os agricultores ao ritmo das fases da lua encontram o tempo mais favorável para as suas plantações e as suas colheitas. O anúncio da queda e abalo das forças celestes atemoriza e aterroriza, pois parece fazer ruir lugares onde encontramos o ritmo da vida e a orientação do caminho. Contudo, o anúncio, aparamente dramático, proclamado por Jesus, é acompanhado pela certeza de que tudo isto acontecerá acompanhado pela visão do Filho do Homem que virá numa nuvem com grande poder e glória. Desmoronam os relógios humanos e os ritmos marcados pelos astros celestes, para darem lugar ao ritmo de Deus que deve marcar o passo da história.

A espera, que habita o coração de cada homem e de cada mulher, e, que faz sonhar um mundo novo e diferente, encontra realização e plenitude no advento de Deus, que vem ao nosso encontro com grande poder e glória. O tempo da nossa vida não pode limitar-se à contabilização dos dias e horas que nos são dadas viver, mas o saborear da presença de Deus que rasga horizontes novos e faz experimentar a verdadeira sabedoria que invoca o salmista: «ensina-nos a contar assim os nossos dias, para podermos chegar ao coração da sabedoria» (Sl 90,12).

Com o primeiro Domingo de Advento, damos início a um novo ano litúrgico que não é apenas uma organização sistemática e articulada das memórias, festas e solenidades, mas a celebração do Mistério de Cristo, que ilumina o tempo e a história, e nos ensina a arte de fazer dos dias que vivemos, o tempo onde Deus actua e realiza a Sua obra de amor.

O tempo de Advento é tempo de espera alegre e jubilosa. Não esperamos um autocarro atrasado em hora de ponta ou um comboio em dia de greve. A nossa espera não desespera, porque o nosso Deus cumpre a promessa feita aos nossos pais: «dias virão, em que cumprirei a promessa que fiz à casa de Israel e à casa de Judá».

O Senhor vem! Vem, porque já veio na fragilidade e debilidade da nossa natureza inaugurar os novos céus e a nova terra. Vem, porque virá um dia no esplendor da sua glória para estabelecer os novos céus e a nova terra de modo pleno, total e definitivo. Vem, porque continuamente se faz presente na vida de cada homem por meio de tantos sinais. Deste modo, o tempo de Advento é o tempo por excelência da vida cristã, porque nos situa entre a vinda primeira de Cristo e a vinda definitiva, ensinando-nos a arte de acolher cada dia como uma visita de Deus: «Esperar é um modo de chegares / Um modo de te amar dentro do tempo» (Daniel Faria).

Viver despertos e vigilantes aguardando a vinda do Senhor não é uma alienação, nem uma projecção dos nossos desejos mais íntimos, mas o único modo de atravessar a história, semeando a esperança que brota do coração de Deus e se revela em Jesus Cristo. É tempo de «nutrir a esperança de amanhã, curando a dor de hoje» (Papa Francisco), porque a esperança que nasce do Evangelho não consiste em esperar passiva e ingenuamente um amanhã em que tudo ficará bem, mas em tornar concreta hoje a promessa de salvação de Deus.

 

Homiliário patrístico

Do Comentário de Santo Agostinho, bispo, sobre os salmos (Séc. V)

Alegrem-se as árvores dos bosques diante do Senhor que vem, porque vem para julgar a terra. Veio a primeira vez e virá de novo. Na sua primeira vinda pronunciou esta palavra que lemos no Evangelho: Um dia vereis o Filho do homem vir sobre as nuvens do céu. Que quer dizer: Um dia? Não quer dizer, porventura, que o Senhor virá naquele dia em que hão-de chorar todos os povos da terra? De facto, Ele veio primeiramente através dos seus pregadores e encheu toda a terra. Não ofereçamos resistência à sua primeira vinda, para não termos de recear a segunda.

Que deve fazer o cristão? Servir-se do mundo, não servir o mundo. Que significa isto? Ter como se não tivéssemos. Assim fala o Apóstolo. O que tenho a dizer-vos, irmãos, é que o tempo é breve. Doravante, os que têm esposas procedam como se as não tivessem; os que choram, como se não chorassem; os que andam alegres, como se não andassem; os que compram, como se não possuíssem; os que utilizam este mundo, como se não o utilizassem; porque o cenário deste mundo é passageiro. Quero que não andeis preocupados. Quem não está preocupado espera tranquilamente a vinda do seu Senhor. Na verdade, que espécie de amor a Cristo terá aquele que teme a sua vinda? Não temos vergonha, irmãos? Amamo-l’O e tememos a sua vinda. Mas amamo-l’O realmente, ou não será que amamos antes os nossos pecados? Se odiarmos o pecado, amaremos certamente Aquele que vem castigar o pecado. Ele virá, quer queiramos quer não; o facto de não vir agora não quer dizer que não virá. Virá, e não sabes quando; se te encontrar preparado, nada te prejudica não saberes quando virá.

 

Indicações litúrgico-pastorais

  1. Com o Tempo de Advento damos início a um novo Ano Litúrgico onde seremos acompanhados pelo Evangelista S. Lucas. Tendo em vista a formação bíblica dos fiéis e a importância do conhecimento da Sagrada Escritura como Palavra que ilumina a vida dos baptizados, o contexto do início do Ano Litúrgico pode ser uma oportunidade para um encontro ou até vários encontros, integrados na dinâmica de Advento, sobre o Evangelista deste ano litúrgico.

 

  1. Para os leitores: o início do Ano Litúrgico constitui-se como uma pertinente oportunidade para uma formação de leitores acerca da temática e da estrutura das leituras deste novo Ano Litúrgico e de modo particular do evangelista que nos irá acompanhar.

A primeira leitura é o anúncio da promessa do Senhor pela voz de Jeremias. Por isso, pede-se especial atenção à introdução da leitura – Eis o que diz o Senhor – e uma proclamação com o tom da esperança e libertação que as palavras do Senhor oferecem. Na segunda leitura, o texto deve expressar a dimensão exortativa com que Paulo se dirige aos Tessalonicenses.

 

Sugestões de cânticos

Entrada: A vós, Senhor, elevo a minha alma – F. Santos (BML 33| CEC I, p. 9| CN 163); Acender da Vela da Coroa de Advento: O Senhor dará a coroa da justiça – F. Santos (SDLP); Salmo Responsorial: Para Vós, Senhor, elevo a minha alma (Sl 24) – M. Luís (SRML, p. 266-267); Aclamação ao Evangelho: Aleluia | Mostrai-nos, Senhor, a vossa misericórdia – B. Ferreira (https://ocantonaliturgia.pt/); Ofertório: Maranatha, vinde, Senhor Jesus – M- Luís (CN 604); Comunhão: Estai preparadosV. Pereira / J. Ribeiro (ELC I, p. 6-7| CN 427); Pós-Comunhão: Vinde a nós, Senhor Jesus  – A. Cartageno (CN 998); Final: O Senhor vem e não tardará – F. Santos (NCT, p. 25| CN 747)