
A proposta do Santo Padre para o Sínodo de 2023, que por estes dias chega às comunidades da nossa diocese, quer ser um passo ambicioso no sentido de levar a Igreja a amadurecer uma prática sinodal, estendida a todos os seus âmbitos.
Por Cónego Joaquim Santos
Coordenador da Comissão Sinodal Diocesana
Partindo para um Sínodo que não aborda nenhuma das habituais questões candentes da vida eclesial, quer envolver todos, mesmo os que não pertencem à Igreja católica, numa dinâmica de diálogo sem precedentes, abrindo-nos à voz do Espírito para que nos guie. Assim se espera que a Igreja cresça como “caminho que fazemos juntos”, como sínodo.
O curto prazo inicial para a fase diocesana fazia muito difícil a concretização deste projecto, comprometendo a sua eficácia. O seu alargamento até ao fim deste ano pastoral devolve-nos a pertinência prometida e responsabiliza-nos no acionar de um processo de escuta com a maior amplidão possível, ousando mesmo sonhá-lo onde parece impossível.
As propostas de trabalho, que queremos fazer chegar a todos os lugares de vida pastoral da diocese, são o início e a parte fundamental de um empreendimento que deve ser um impulso decisivo para um estilo de ser igreja, que não acaba nesta actividade. No decorrer do ano, outras iniciativas e subsídios surgirão, mas o mais importante está lançado, para que cada comunidade de fé se sinta chamada a abrir o diálogo e a apresentar o seu contributo.
Importa recordar que o proveito do grande esforço que nos é pedido é, em primeiro lugar, local. Cada comunidade cristã, cada grupo eclesial que se colocar nesta atitude de abertura ao Espírito Santo, discernindo a Sua voz nas vozes humanas, terá ganho o Sínodo, ainda antes da reunião final, em Outubro de 2023, e dos frutos que venha a produzir. Todos ganharemos no conhecimento mútuo e no discernimento dos caminhos para a Igreja diocesana, mas, sobretudo, ganharemos ao crescer no estilo de ser igreja sinodal, como propõe o Papa Francisco. Muito mais que as respostas, vale o método, muito mais que as instituições que daqui possam nascer, vale a abertura ao Espírito. E valerá tanto mais, quanto formos capazes de partir para o diálogo sem pontos de vista predefinidos.
Animemo-nos, pois, a levar a discussão a todos os grupos já constituídos e muito para lá deles, a todos quantos queiram participar. O Papa Francisco diz que todos nos podem ajudar, até os que porventura nos insultem. Animemo-nos a fazê-lo em equipa. Mesmo que pareça mais lento, é essencial ao espírito sinodal. A equipa pode ser o secretariado permanente do Conselho Paroquial de Pastoral, ou, onde este não exista, pode ser uma pequena equipa que, ao longo do ano, crie a dinâmica que dê origem ao Conselho, mas trabalhemos sempre em equipa. Fazê-lo sozinhos descredibiliza o processo e compromete os resultados, sobretudo se se pretende criar um estilo para o futuro.
Propomos que se inicie a reflexão local com um tempo de oração, no modo possível a cada comunidade, e lembramos que isto mesmo deve acontecer em todo o processo, para que não acabemos a escutar-nos a nós próprios, pretendendo ouvir o Senhor.
Quanto a nós, Comissão Sinodal Diocesana, procuraremos estar ao dispor de todos, para ajudar a ir o mais longe possível, neste desafio de sermos “caminho juntos” que, em hora oportuna nos lança o Santo Padre.