O Sínodo não são mais papéis!

“Nesse sentido, é claro que o objetivo deste Sínodo não é produzir mais documentos. Pelo contrário, pretende inspirar as pessoas a sonharem com a Igreja que somos chamados a ser, a fazer florescer as esperanças das pessoas, a estimular a confiança, a curar feridas, a tecer relações novas e mais profundas, a aprender uns com os outros, a construir pontes, para iluminar mentes, aquecer corações e devolver forças às nossas mãos para a nossa missão comum (PD, 32). Assim, o objetivo deste Processo Sinodal não é apenas uma série de exercícios que começam e param, mas sim um caminho de crescimento autêntico rumo à comunhão e à missão que Deus chama a Igreja a viver no terceiro milênio.”- assim se refere o documento auxiliar (Vademecum), ao documento principal sobre o Sínodo 2023. Este pormenor é importante, porque não se trata de esperarmos por “papéis”, vindos de quando o sínodo estiver em funcionamento em Roma, mas de todo o caminho que percorremos até e para lá. Os “papéis”, os “documentos”, servem enquanto memória escrita e para dar orientações globais para a “comunhão e à missão que Deus chama a Igreja a viver neste milénio”, não podem condicionar as ascendentes forças que o Espírito de Deus sopra sobre o seu Povo.

Mais adiante esclarece que, “Este caminho que junto nos convidará a renovar as nossas mentalidades e as nossas estruturas eclesiais, a fim de viver o chamado de Deus para a Igreja em meio aos sinais dos tempos atuais. Ouvir todo o povo de Deus ajudará a Igreja a tomar decisões pastorais que correspondam, o mais coincidente com a vontade de Deus (ITC, Syn., 68). A perspetiva última para orientar este caminho sinodal da Igreja é servir o diálogo de Deus com a humanidade (DV, 2) e percorrer juntos no reino de Deus (cf. LG, 9; RM, 20). No fundo, este Processo Sinodal procura caminhar para uma Igreja mais fecunda ao serviço da vinda do Reino dos céus.”

Por mais que queiramos fugir à centralidade do Sínodo, os documentos são claros, os objetivos de todo o caminho sinodal comporta o ouvir de forma ativa o Povo de Deus, fazer dele um participante ativo, para “renovar as nossas mentalidades e as nossas estruturas eclesiais”, não para produzir “documentos”, mas para ativar a necessária e urgente discussão teológica-ética-moral-doutrinal e organizativa da Igreja.

Não podemos querer abortar um caminho que poderá ultrapassar a letargia em que se encontra a Igreja, numa atitude de “manutenção”, ou nem isso, para um paradigma de Igreja Viva e feroz no amor de Deus.