Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo
21 de Novembro de 2021
Indicação das leituras
Leitura da Profecia de Daniel Dan 7,13-14
«O seu poder é eterno, não passará jamais, e o seu reino não será destruído».
Salmo Responsorial Salmo 92 (93)
O Senhor é rei num trono de luz.
Leitura do Apocalipse Ap 1,5-8
«Jesus Cristo é a Testemunha fiel, o Primogénito dos mortos, o Príncipe dos reis da terra».
Aclamação ao Evangelho Mc 11,9.10
Bendito o que vem em nome do Senhor,
bendito o reino do nosso pai David.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João Jo 18,33b-37
«Tu és o rei dos Judeus?».
«O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que Eu não fosse entregue aos judeus».
«É como dizes: sou rei».
Viver a Palavra
A Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo foi instituída pelo Papa Pio XI, em 11 de Dezembro de 1925, com a Carta Encíclica Quas Primas, indicando que esta festa se celebrasse «em todas as partes da terra no último Domingo de Outubro, isto é, o Domingo precedente à Festa de Todos os Santos. Do mesmo modo, ordenamos, que neste mesmo dia, em cada ano, se renove a consagração de todo o Género Humano ao Sagrado Coração de Jesus, que o nosso Predecessor de santa memória, Pio X, ordenou que se repetisse anualmente». Com a reforma litúrgica esta festa passou a ser celebrada no último Domingo do Ano Litúrgico, com o título de Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo.
Depois dos tempos conturbados da Primeira Guerra Mundial, diante dos cenários de violência e destruição, o Papa Pio XI convida a contemplar Jesus Cristo, Rei do Universo, Senhor do Tempo e da História, o Príncipe da Paz que anunciou o Reino de Deus por meio de sinais e prodígios, para que diante dos reinados, soberanias e poderes passageiros deste mundo, irrompa a radical novidade de uma autoridade que se faz serviço e de um reinado que não tem fim, porque tem a marca do amor.
Os textos escolhidos para a celebração desta solenidade apontam para a novidade deste Reino instaurado por Jesus Cristo e, por isso, Aquele que proclamamos no Salmo Responsorial como Rei num trono de Luz, no texto do Evangelho, está diante de Pilatos para ser julgado.
Escutar neste dia um trecho do relato da Paixão do Evangelista S. João situa o reinado de Jesus no horizonte da Sua crucifixão e morte, recordando-nos que o nosso Rei, bem diferente dos reinos deste mundo, tem como trono uma Cruz e a Sua Coroa não é de ouro e pedras preciosas mas de espinhos. Um Reino Novo que precisa de soldados que sejam verdadeiros discípulos missionários, isto é, homens e mulheres que impelidos pelo encontro único e irrepetível com Jesus Cristo, concebem a sua vida como construção do Reino de Amor e de Paz que Jesus veio anunciar.
Proclamar Jesus Cristo como Rei implica necessariamente confiar as nossas vidas nas Suas mãos, pois, na linguagem bíblica, reinar significa salvar, justificar, perdoar e criar. Jesus reina porque assumindo a nossa carne se entregou à morte por nosso amor e o Seu sangue derramado na Cruz salva e justifica, perdoa e recria, apontando-nos o caminho da conversão como caminho de realização e felicidade, porque de aperfeiçoamento e santidade.
Caminhar com Jesus para que no mundo se faça já presente este Reino, que será em plenitude no Céu, implica abraçar a nova lógica do Reino porque «este Reino não se identifica com os poderes triunfalistas que conhecemos, mas com os valores mais profundos do Evangelho. A moeda deste reino é a gratuidade, a bandeira é o amor, o hino é Evangelho e o exército é formado pelos humildes. As armas dão lugar aos braços para acolher, os muros transformam-se em pontes para unir. A diferença é estímulo para a comunhão e a linguagem comum é a força do Espírito».
Fascinados pelo amor que brota da Cruz de Cristo, façamos das nossas vidas um lugar de anúncio da nova lógica do Reino que se traduz num novo modo de ser e de estar, porque um novo modo de servir e amar.
Homiliário patrístico
Do Opúsculo de Orígenes, presbítero, sobre a oração (Séc. III)
Segundo as palavras de Nosso Senhor e Salvador, o reino de Deus não vem ostensivamente, e ninguém dirá: ‘Ei-lo aqui ou acolá’, porque o reino de Deus está dentro de nós, e a sua palavra está junto de nós, na nossa boca e no nosso coração; por isso, sem dúvida alguma, quando alguém implora a vinda do reino de Deus, o que pede realmente é que o reino de Deus, que está dentro de si, se desenvolva, frutifique e chegue à sua plenitude. Efectivamente, Deus reina em todos os seus santos, em todos aqueles que observam as suas leis espirituais; e assim Deus habita neles como numa cidade bem governada. Na alma perfeita está presente o Pai e, juntamente com o Pai, reina Cristo, segundo aquela palavra: Viremos a ele e nele estabeleceremos a nossa morada.
O reino de Deus, que está em nós, chegará à sua plenitude, através do nosso aperfeiçoamento contínuo, quando se verificar o que afirma o Apóstolo, isto é, quando Cristo, depois de ter submetido todos os seus inimigos, entregar o reino a Deus seu Pai, para que Deus seja tudo em todos. Por isso, orando incessantemente com aquele afecto de alma que pelo Verbo se tornou divino, digamos ao nosso Pai que está nos Céus: Santificado seja o vosso nome, venha a nós o vosso reino.
Indicações litúrgico-pastorais
- A Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo, sendo o último Domingo do Ano Litúrgico, é uma oportunidade para dar graças a Deus pelo dom deste ano litúrgico que termina e invocar a bênção de Deus para o ano que se vai iniciar. Proclamando a realeza de Jesus Cristo como Senhor do tempo e da história, este Domingo deve ter a marca do louvor e acção de graças que pode traduzir-se no canto solene do Te Deum, hino litúrgico de louvor e de júbilo, agradecendo o dom da vida comunitária e de tantos baptizados que corresponsáveis na missão colaboram e edificam a comunidade.
- Para os leitores: as leituras deste Domingo não apresentam nenhuma dificuldade aparente, contudo, devem ser preparadas cuidadosamente para que a proclamação da Palavra seja bela e digna. As leituras desta solenidade apresentam a realeza de Jesus, em contraponto com os reinos deste mundo, por isso, a proclamação das leituras deve traduzir este anúncio. A primeira leitura da profecia de Daniel é a narrativa das visões da noite onde se anuncia a vinda do Filho do Homem que instaura um reino eterno. A segunda leitura do Livro do Apocalipse é um texto litúrgico que apresenta um diálogo entre um leitor e a comunidade cristã reunida para escutar a proclamação. Deve haver um especial cuidado nas fórmulas litúrgicas que se concluem com um «Ámen».
Sugestões de cânticos:
Entrada: Glória ao Senhor pelos séculos – A. Cartageno (CN 511); Salmo Responsorial: O Senhor é Rei (Sl 92) – M. Luís (SRML, p. 258-259); Aclamação ao Evangelho: Aleluia | Bendito o que vem em nome do Senhor – Az. Oliveira (CN 55); Ofertório: Jesus, Rei admirável – A. Cartageno (NRMS 92| IC, p. 610| CN 566); Comunhão: O Senhor está sentado – E. Amorim (CN 727); Pós-Comunhão: Glória a Jesus Cristo – Az. Oliveira (CN 505); Te Deum: Nós Vos louvamos, ó Deus – M. Faria (Guião 2012 – XXXVIII ENPL); Final: Cristo vence (Christus vincit) – A. Kunc (CEC II, p. 149-150| CN 326).