
14 de Novembro de 2021
Indicação das leituras
Leitura da Profecia de Daniel Dan 12,1-3
«Os sábios resplandecerão como a luz do firmamento, e os que tiverem ensinado a muitos o caminho da justiça brilharão como estrelas por toda a eternidade».
Salmo Responsorial Salmo 15 (16)
Defendei-me, Senhor: Vós sois o meu refúgio.
Leitura da Epístola aos Hebreus Hebr 10,11-14.18
«Porque, com uma única oblação, tornou perfeitos para sempre os que Ele santifica».
Aclamação ao Evangelho Lc 21,36
Vigiai e orai em todo o tempo,
para poderdes comparecer diante do Filho do homem.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos Mc 13,24-32
«Hão-de ver o Filho do homem vir sobre as nuvens, com grande poder e glória».
«Aprendei a parábola da figueira: quando os seus ramos ficam tenros e brotam as folhas, sabeis que o Verão está próximo».
«Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão».
Viver a Palavra
Viajando de transportes públicos ou permanecendo por algum tempo numa qualquer sala de espera de um local público onde passam as notícias, depressa se fazem sentir vozes de desilusão e descontentamento, afirmando a necessidade de um mundo novo e diferente. Queremos um mundo melhor, onde cada homem e cada mulher sejam verdadeiramente felizes! A nossa esperança deve encher-se de alegria, porque este é também o desejo de Deus. O Deus do Amor, da Alegria e da Vida sonhou-nos para a felicidade, pela construção de um mundo novo e diferente com a marca do amor que se faz entrega generosa ao serviço dos irmãos.
Por isso, não nos devem assustar as palavras de Jesus: «naqueles dias, depois de uma grande aflição, o sol escurecerá e a lua não dará a sua claridade; as estrelas cairão do céu e as forças que há nos céus serão abaladas. Então, hão-de ver o Filho do homem vir sobre as nuvens, com grande poder e glória. Ele mandará os Anjos, para reunir os seus eleitos dos quatro pontos cardeais, da extremidade da terra à extremidade do céu». Na verdade, não são nenhuma profecia do «fim do mundo», nem um modo pedagógico de nos atemorizar para nos conduzir à conversão. Não é de terror que trata o Evangelho, mas de amor e misericórdia. Estas palavras são a certeza de que as realidades deste mundo, por maiores que elas possam parecer, são passageiras e efémeras, ao invés do amor de Deus e da Sua Palavra que permanecem como verdadeira luz que conduz a nossa história.
Por isso, temos muito a aprender com a parábola da figueira que enche o nosso coração da verdadeira esperança cristã. A esperança que brota da nossa fé não é uma esperança oca porque possui a consistência de um rosto: o rosto terno e misericordioso de Jesus Cristo, Aquele que «tendo oferecido pelos pecados um único sacrifício, sentou-Se para sempre à direita de Deus».
O Mestre ensina-nos a parábola da figueira cujos ramos tenros e folhas verdes anunciam a chegada do Verão. Coisas tenras e ternas são as que anuncia Jesus, pois a figueira que começa a brotar na Primavera, anuncia o ressurgir da natureza após o Inverno. A fé cristã recorda-nos que depois de descobrir Jesus Cristo e o seu Evangelho a nossa vida ressurge e ganha uma vida absolutamente nova. Por isso, não é o medo do que vai acabar que fica sublinhado neste Evangelho, mas a expectativa feliz da novidade de Deus, que em Jesus Cristo irrompe na nossa vida e transforma o mundo, transformando o coração de cada discípulo missionário.
«Quando virdes acontecer estas coisas, sabei que o Filho do homem está perto, está mesmo à porta». Quando as dificuldades surgem no nosso caminho, quando tudo parece perdido, quando o mundo parece desabar sobre nós, recordemos que Jesus está próximo, que Ele não é indiferente às nossas dores e angústias, mas Ele próprio as assumiu na Sua vida, abraçando a Cruz para nossa salvação.
Por isso, o único «fim do mundo» que a Liturgia da Palavra nos propõe é o fim de um mundo marcado pelo egoísmo e pela violência, pela nossa auto-suficiência e pela indiferença, para que possa despontar um mundo novo, marcado pelo amor e pela misericórdia. Deste modo, o mundo tornar-se-á um lugar mais belo, pois como recorda a profecia de Daniel, quando nos abrimos à verdadeira sabedoria a nossa vida torna-se um rasto luminoso que aponta o caminho do Céu: «os sábios resplandecerão como a luz do firmamento e os que tiverem ensinado a muitos o caminho da justiça brilharão como estrelas por toda a eternidade».
Homiliário patrístico
Da chamada Epístola de Barnabé (Séc. II)
O caminho da luz é este: Se alguém quiser chegar ao lugar determinado, esforce-se por atingi-lo com as suas obras. E o conhecimento que nos foi dado para andar por este caminho é o seguinte: ama Aquele que te criou; adora Aquele que te formou; dá glória Àquele que te remiu da morte. Sê simples de coração e rico em espírito; não te juntes com os que seguem o caminho da morte; odeia tudo o que não é agradável a Deus; despreza toda a hipocrisia; não abandones os mandamentos do Senhor. Não te exaltes a ti próprio, mas sê humilde em tudo; não atribuas a glória a ti mesmo. Não maquines o mal contra o teu próximo; não admitas a arrogância no teu espírito.
Recorda dia e noite o juízo final; e procura constantemente a companhia dos santos, quer tenhas de conversar, ou exortar, ou reflectir como poderás salvar uma alma com a tua palavra, quer tenhas de trabalhar com as tuas mãos para expiar os teus pecados.
Não hesites em dar, nem dês de má vontade; mas recorda quem é Aquele que dá a justa recompensa. Guarda os mandamentos que recebeste, sem acrescentar nem tirar nada. Odeia sempre o mal. Julga com justiça. Não provoques desavenças, mas antes restabelece a paz, conciliando os adversários. Confessa os teus pecados. Não vás para a oração de má consciência. Este é o caminho da luz.
Indicações litúrgico-pastorais
- No Domingo XXXIII do Tempo Comum, assinala-se o V Dia Mundial dos Pobres. Para este ano o Papa Francisco escreveu uma mensagem intitulada «Sempre tereis pobres entre vós» (Mc14, 7) e recorda como esta afirmação é um convite a não perder jamais de vista a oportunidade que se nos oferece para fazer o bem. Os diferentes grupos paroquiais que desenvolvem a sua acção junto dos mais pobres podem neste dia apresentar as suas actividades ou até sensibilizar a comunidade para colaborar nas suas iniciativas. Contudo, este dia deve ser oportunidade para recordar que a acção sócio-caritativa é uma missão de toda a comunidade eclesial e não apenas de um grupo. Só assim seremos verdadeira Igreja em Saída: «Faço votos de que o Dia Mundial dos Pobres, chegado já à sua quinta celebração, possa radicar-se cada vez mais nas nossas Igrejas locais e abrir-se a um movimento de evangelização que, em primeira instância, encontre os pobres lá onde estão. Não podemos ficar à espera que batam à nossa porta; é urgente ir ter com eles às suas casas, aos hospitais e casas de assistência, à estrada e aos cantos escuros onde, por vezes, se escondem, aos centros de refúgio e de acolhimento» (Papa Francisco).
- Para os leitores: a ausência de palavras e expressões de difícil pronunciação não deve permitir descurar a atenta preparação das leituras. Na primeira leitura, a proclamação deve ter em atenção a centralidade da última frase do texto que se apresenta como conclusão e mensagem principal da leitura, mas também como convite à esperança e luz que brota da prática da verdadeira sabedoria. A segunda leitura, como nos Domingos anteriores requer um especial cuidado nas longas frases e com várias orações.
Sugestões de cânticos:
Entrada: Escutai, Senhor, a prece – A. Cartageno (CN, 415); Salmo Responsorial: Guardai-me, Senhor, esperei em Vós (Sl 15) – M. Luís (SRML, p. 65); Aclamação ao Evangelho: Aleluia | Vigiai e orai em todo o tempo – M. Carneiro (CN 51); Ofertório: Vigiai e estai preparados – A. Oliveira (IAC 563); Comunhão: Tudo o que pedirdes na oração – C. Silva (CN, 976); Pós-Comunhão: Aclamai Jesus Cristo – F. Silva (CN, 174); Final: Ao Deus do Universo – J. Santos (CN 209).