A manhã de 22 de outubro foi o momento escolhido para oficialmente reabrir a Igreja de Santa Clara ao público após prolongadas obras de conservação e restauro, que decorreram ao longo de cinco anos e implicaram um investimento global de mais de 2,5 milhões de euros.
Na cerimónia de reabertura ao culto e à cultura deste Monumento Nacional destaque para a presença de autoridades civis e religiosas: a Secretária de Estado Adjunta e do Património Cultural, Ângela Ferreira, o bispo auxiliar do Porto, D. Pio Alves, o presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira e o presidente da Assembleia Municipal do Porto, Sebastião Feyo de Azevedo.
Foram mecenas desta intervenção, que contou com o financiamento europeu do programa Norte 2020, a Fundação Millennium BCP, a Irmandade dos Clérigos, e a Associação Comercial do Porto. Especial contributo deu a Câmara Municipal do Porto na fase final das obras no arranjo do espaço exterior da Igreja.
A intervenção iniciada em 2016 vê agora concluída a sua missão nesta referência do barroco nacional e um dos maiores exemplares da talha dourada em Portugal. Nesta inauguração a Diretora Regional da Cultura do Norte, Laura Castro, lembrou a importância do trabalho realizado e o grande volume de investimento.
Os trabalhos de reabilitação desta igreja, inaugurada oficialmente em 1457, implicaram sectores diversos: o sistema construtivo e estrutural do edifício; a remodelação das infraestruturas elétricas, de telecomunicações e de segurança; a redução de barreiras arquitetónicas e a criação de condições de visita.
Foi igualmente importante e profunda a conservação da sua dimensão mais visível e apreciada: a talha dourada, cujo restauro foi levado a cabo por cerca de uma centena de trabalhadores da área da conservação e restauro, de diferentes especialidades, com intervenção igualmente em de todo o espólio artístico do imóvel, englobando a talha dourada e policromada, a escultura, a pintura de cavalete, a pintura mural, a pedra, o azulejo, os metais e o património organístico.
A intervenção foi acompanhada por uma ampla investigação histórica que incluiu o todo do agora extinto e fragmentado Convento de Santa Clara do Porto, do qual sobreviveu a igreja (hoje igreja paroquial), o claustro (hoje integrado na sede do Comando Metropolitano da PSP) e a cerca (incluindo o troço mais bem conservado da muralha medieval do Porto, classificado como Monumento Nacional).
Entre os aspetos da intervenção salientam-se: a descoberta de elementos até então desconhecidos, como várias pinturas sobre madeira, datadas do séc. XVII, que ilustram santos, nomeadamente Santa Clara; uma lápide em granito datada de 1645, que informa sobre a obrigatoriedade de as religiosas do convento dizerem missa diária pela alma do abade de Vandoma, ali sepultado; ou, sob os elementos de talha setecentista, as pinturas de anjos alados, correspondentes a uma anterior campanha decorativa do espaço.
A igreja de Santa Clara é atualmente sede da paróquia da Sé do Porto, de que são párocos in solidum os Padres António Paulo Monteiro Pais, Chanceler da Diocese, e recentemente Sérgio Filipe Pinho Leal, também prefeito do Seminário Maior do Porto.
RS com CF