CCC: novo ano em sessão solene

Realizou-se no sábado, 16 de outubro, a sessão solene de início do ano letivo do Centro de Cultura Católica (CCC), sob a presidência de D. Manuel Linda, bispo do Porto. Compareceram vários professores e alunos, entre os quais os que concluíram os seus cursos nos dois últimos anos letivos e receberam os seus diplomas. A pandemia impediu a realização da sessão de outubro de 2020, como condicionou aliás a atividade letiva do CCC ao longo do ano letivo: o Curso Básico de Teologia foi lecionado por meios digitais a partir de 5 de novembro de 2020, só regressando à presencialidade para os exames de junho e julho de 2021; a Escola Diocesana de Ministérios Litúrgicos migrou para o ambiente digital a 23 de janeiro, regressando à modalidade presencial a 24 de abril.

Após a interpretação de «Veni Creator Spiritus» pelos alunos do Curso de Música Litúrgica, dirigidos pelo professor Daniel Ribeiro, o P. Adélio Abreu, diretor do CCC, saudou os presentes, enquadrou a sessão e o ano letivo no âmbito do lema «Compreender a esperança a que fomos chamados» e na correspondência ao Plano Diocesano de Pastoral. Apresentou ainda a situação atual do CCC, que no ano que começa conta com 98 alunos, distribuídos pelos diferentes cursos: Básico de Teologia – 42 alunos; Complementar de Formação de Catequistas – 4; Acólitos – 11; Leitores – 7; Música Litúrgica (Preparatório, Geral e Salmistas) – 34. Nota-se uma ligeira recuperação do número total de alunos, depois de uma quebra significativa no ano letivo passado, a que não será alheio o contexto pandémico. Conta também com muitas outras pessoas interessadas, como exprime a muito significativa participação no ciclo de conferência deste ano, testemunhada na sua 1ª sessão há dias realizada.

Seguiu-se a conferência prevista para a sessão, confiada ao P. Domingos Areais, pároco de São Pedro de Fins e de Folgosa e professor de Sagrada Escritura no CCC, com o título «No parto da cruz nascem os filhos de Deus». O docente partilhou com os presentes algumas das conclusões da investigação encetada para o seu doutoramento em Teologia bíblica, concluído no ano passado. Evocando a experiência humana do parto e do nascimento, referiu que Jesus usou, no discurso de despedida do evangelho segundo São João, a imagem de uma mãe que está para dar à luz, para designar a sua morte e a sua ressurreição. Subjacente ao texto, está a questão que todos os seres humanos colocam acerca do sentido da vida e da morte. Esta questão, que Jesus também colocou e sobretudo viveu por dentro, converteu-se em tabu na sociedade pós-moderna que vive à flor da pele, apenas para a imagem. Jesus na iminência da sua morte não teve pejo de enfrentar esta questão, usando a expressiva comparação da mulher grávida que está para dar à luz.

Na sua intervenção, que cruzou a análise do texto bíblico, no detalhe de algumas das suas expressões gregas, com textos abertos do dizer poético contemporâneo, Domingos Areais teve oportunidade de referir que o parto da mulher é exemplo da verdadeira alegria cristã posta à prova pela cruz. De facto, morremos não para permanecermos na morte, mas para nascermos de novo e definitivamente em Deus. É a grande novidade manifestada na ressurreição de Cristo, fonte de esperança, alegria e paz para a humanidade. Concluiu que o seu estudo sobre a Páscoa de Cristo pretende ser um desafio e um contributo positivo para superarmos o impasse e o vazio de sentido do niilismo da pós-modernidade.

De seguida, D. Manuel Linda entregou os diplomas aos alunos que terminaram os seus cursos. Em 2019/2020 e em 2020/2021, concluíram a sua formação 9 alunos do Curso Básico de Teologia, 4 do Curso de Acólitos, 3 do Curso de Leitores e 1 do Curso de Salmistas. No verão passado, com o atraso de um ano devido à pandemia, 8 alunos concluíram também o Curso de Verão de Música Litúrgica, lecionado ao longo de uma semana em julho de 2018, 2919 e 2021.

D. Manuel Linda fez então uso da palavra para saudar os presentes, designadamente os que concluíram os seus cursos, e para exprimir os seus parabéns ao CCC, na pessoa do seu diretor, dos seus professores e funcionários, pelas atividades formativas, destacando a capacidade de adaptação e inovação, tanto nos cursos como nos ciclos de conferências, alargando a diferentes contextos e públicos a cultura católica que o justifica. Estendeu os parabéns ao P. Domingos Areais pela conferência e pela investigação que produziu no contexto do seu doutoramento na Universidade Católica Portuguesa e que certamente continuará a levar a cabo em conjugação com a sua atividade paroquial.

Destacando a atividade formativa do CCC no contexto da diocese em igualdade de circunstâncias com os Seminários – o CCC para a formação do laicado e os Seminários para formação sacerdotal –, D. Manuel disse que o CCC é, de algum modo, «para o mundo laical o “seminário” dos leigos», tendo para si «uma importância determinante». Na decorrência desta importância, partilhou três preocupações ou desafios. 1. Sendo o Porto a maior diocese do país em número de cristãos, é fundamental aumentar a participação nas atividades, perguntando-se pelo que é necessário fazer nesse sentido. Acreditando que tal não acontece por decreto, adiantou que possa acontecer também por contágio daqueles que já participam nos cursos e demais atividades. 2. É necessário pensar a formação para os novos ministérios, não deixando que a atividade do CCC esmoreça, mas se renove. Apontou a título de exemplo a formação de animadores das assembleias dominicais na ausência do presbítero. 3. É importante promover a cultura católica, designadamente no âmbito da comunicação e dos agentes culturais, de modo que tudo quanto diz respeito ao catolicismo possa ser tratado com competência e precisão concetual. A concluir, D. Manuel referiu que «o Centro é estruturante para um pensamento social cristão, para um pensamento religioso cristão, para um pensamento litúrgico cristão e para a formação de leigos que depois vão dar a cara no mundo pela realidade em que acreditam».

A sessão foi encerrada com algumas intervenções dos alunos do Curso de Música Litúrgica. Joaquim Moreira, Luís Santos e Tiago Monteiro, da classe de órgão do professor Tiago Ferreira, interpretaram respetivamente os Pequenos Prelúdios e Fugas em Sib Maior e em Sol Maior de Bach e Tema com Variações (1844) de Mendelssohn. O coro, dirigido pelo professor Daniel Ribeiro, interpretou «A Vós, ó Verbo eterno» de A. Ferreira dos Santos.

(inf: CCC)