Lugares e espaços na celebração eucarística

Altar, ambão e cadeira. Ao apresentar a «estrutura geral da Missa» a IGMR começa por sublinhar a presença real de Cristo e os vários modos da mesma, ao longo da celebração (IGMR 27 e ss).

Por Secretariado Diocesano da Liturgia 

É a essa luz que devemos considerar a importância dos elementos caracterizadores do espaço celebrativo: o altar, o ambão e a cadeira do Presidente da Assembleia litúrgica: são elementos indispensáveis da celebração eucarística não só porque à volta deles gira toda a ação litúrgica, mas também porque evidenciam, e lembram – mesmo fora da celebração (têm carácter eminentemente simbólico) –, três modos da presença de Cristo na celebração dos santos mistérios: na Eucaristia, na Palavra e naquele que preside (Bispo ou Presbítero). Por isso, em todas as igrejas se deverão conservar permanentemente e de forma estável e visível estes elementos. Já aqui temos feito algumas considerações acerca de cada um deles e sobre o modo correto de os usar. E voltaremos a esse assunto. Por agora queremos apresentar uma visão de conjunto, tendo como pano de fundo, o desenrolar da celebração eucarística.

A celebração litúrgica é uma ação simbólica. Supõe um agir que inclui não só palavras (e silêncios), mas pessoas, gestos, atitudes, movimentos, elementos e objetos que se completam, conjugam e harmonizam. Este agir tem o seu ritmo próprio, com os seus momentos, os seus lugares, as pessoas certas, as mudanças de sítio, os elementos e objetos adequados, os gestos e as atitudes peculiares.

Assim, normalmente, o sacerdote, terminada a procissão de entrada, tendo feito a reverência ao altar (com um beijo), dirige-se para a Cadeira e daí preside à celebração (cf. IGMR 124). Da Cadeira (e não doutro lugar) é que ele exerce a sua função de Presidente da Assembleia e guia da oração (cf. IGMR 310). O lugar dos ritos iniciais e conclusivos da missa é a Cadeira.

Terminados os ritos iniciais, o polo da ação passa para o Ambão. Daí se proclama a Palavra de Deus, as leituras bíblicas e o Salmo (e também o Precónio Pascal). A homilia e a oração universal tanto podem ser feitas da Cadeira como do Ambão (cf. IGMR 136 e 138). Torna-se evidente, pela prática, que o Ambão é o lugar da Palavra de Deus.

Só após a oração universal é que o polo da ação se centra no Altar até à oração pós-comunhão que pode ser recitada do Altar ou da Cadeira (cf. IGMR 165). O Altar deve ser reservado exclusivamente (quanto possível!…) para a Liturgia Eucarística (ou ações afins).

Esta é a estrutura base da ação litúrgica da Missa, de si expressiva e eloquente, e consequentemente pedagógica.

Para a realizar convenientemente, importa superar alguns obstáculos. Obstáculos ao nível da mentalidade. Por exemplo, há igrejas onde o altar serve para todo o tipo de ações totalmente alheias ao banquete eucarístico; outras, onde a cadeira ou não existe (em seu lugar há bancos onde os ministros “descansam”) ou não passa de um elemento decorativo; outras, onde o ambão (em alguns casos a estante “prática”) serve para ações que pouco ou nada têm a ver com a Palavra de Deus. Outros obstáculos são originados por certo sentido prático reducionista. Escolhe-se o caminho mais curto, mutila-se a celebração, reduzindo-a a um encadeamento de palavras. Outros impedimentos provêm da falta de ministros necessários para realizar a ação, nomeadamente acólitos. Respondendo a isto, a Instrução Geral do Missal Romano propõe que o sacerdote celebrante (especialmente aos domingos e festas de preceito) seja assistido, ao menos, por um acólito, um leitor e um cantor (cf. IGMR 115 e 116).

O respeito desta estrutura da ação litúrgica que exige esforço para suportar obstáculos resultantes de hábitos e carências, pertence àquele mínimo que se deve pedir para que a celebração eucarística resulte expressiva, coerente, harmoniosa e frutuosa.