Domingo XXX do Tempo Comum

Foto: João Lopes Cardoso

24 de Outubro de 2021

 

Indicação das leituras

Leitura do Livro de Jeremias                                                                                          Jer 31,7-9

«Fazei ouvir os vossos louvores e proclamai: ‘O Senhor salvou o seu povo, o resto de Israel’».

 

Salmo Responsorial                                Salmo 125 (126)

Grandes maravilhas fez por nós o Senhor, por isso exultamos de alegria.

 

Leitura da Epístola aos Hebreus                                                                                     Hebr 5,1-6

«Todo o sumo sacerdote, escolhido de entre os homens, é constituído em favor dos homens, nas suas relações com Deus».

 

Aclamação ao Evangelho           cf. 2 Tim 1,10

Jesus Cristo, nosso Salvador, destruiu a morte

e fez brilhar a vida por meio do Evangelho.

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos                        Mc 10,46-52

«Estava um cego, chamado Bartimeu, filho de Timeu, a pedir esmola à beira do caminho».

«Jesus, Filho de David, tem piedade de mim».

«Logo ele recuperou a vista e seguiu Jesus pelo caminho».

 

Viver a Palavra

O discípulo missionário é aquele que experimentando na sua vida a acção salvífica de Deus, se faz anunciador das maravilhas do amor do Pai, revelado de modo pleno, total e definitivo em Jesus Cristo, Luz das nações.

Na Liturgia da Palavra deste Domingo sentimos ecoar a alegria de um Deus que se aproxima de nós, que caminha connosco, que estabelece, em Jesus Cristo, gestos concretos de amor e misericórdia que estão já presentes na revelação veterotestamentária, como escutamos nas palavras do Profeta Jeremias: «soltai brados de alegria por causa de Jacob, enaltecei a primeira das nações. Fazei ouvir os vossos louvores e proclamai: ‘O Senhor salvou o seu povo, o resto de Israel’», ou no canto do Salmo Responsorial: «da nossa boca brotavam expressões de alegria e dos nossos lábios cânticos de júbilo».

Somos desafiados pela Palavra de Deus a olhar a nossa vida com um coração agradecido, reconhecendo as maravilhas que Deus realiza. A oração de louvor é o segredo para encontrar a força e a coragem para os momentos mais difíceis e exigentes da nossa vida: assim como no passado Deus se fez presente na nossa vida, manifestando o Seu amor e cuidado, assim no presente e no futuro o Senhor estará connosco para que cada obstáculo e desafio sejam uma nova oportunidade para sentir o Seu amor e a Sua graça. Deste modo, as dificuldades e desafios tornam-se lugares de crescimento e a oportunidade de renovar a fidelidade à Palavra de Deus que nos convida a depositar Nele toda a nossa confiança.

A nossa fraqueza e pecado não são um caminho sem saída, como nos recorda a Carta aos Hebreus, tornam-se escola de compreensão e perdão, pois partilhando com os irmãos esta condição de fragilidade, compartilhamos a necessidade do perdão oferecido e recebido como lugar de exercício da verdadeira fraternidade.

Jesus, Aquele que assumiu a nossa fraqueza, para nos elevar pela força do Seu amor, é o rosto da misericórdia do Pai e não fica indiferente às nossas dores e fragilidades. Jesus sai de Jericó, vai a caminho de Jerusalém e escuta o clamor do cego Bartimeu: «Jesus, Filho de David, tem piedade de mim». Jesus chama-o, quer entrar em diálogo com ele, pergunta-lhe o que pretende, manifestando assim o desejo de escutar as suas necessidades e anseios. É assim Jesus, deve ser assim a Igreja, enquanto continuadora da obra redentora de Cristo: caminhando no meio dos homens e mulheres do Seu tempo, deve ser lugar de escuta e de acolhimento.

Contudo, há um pormenor muito interessante: Jesus pede aos discípulos para irem chamar Bartimeu e eles chamam-no utilizando duas palavras, que só Jesus pronuncia nas restantes passagens do Evangelho: primeiro, o apelo «Coragem!» como convite à confiança porque a sua prece foi escutada e depois a ordem «Levanta-te!», tal como Jesus quando se dirigia aos doentes, tomando-os pela mão e salvando-os das suas enfermidades.

Também nós, discípulos missionários no hoje da história, diante dos gritos e clamores da humanidade ferida por tantas estradas de dor e sofrimento, somos chamados a assumir na nossa vida as palavras e gestos de Jesus, para que no mundo possa despontar a Luz que só Jesus pode oferecer e a Esperança que só a Sua misericórdia nos pode garantir.

 

Homiliário patrístico

Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo (Séc. V)

Que significa: Tome a sua cruz? Quer dizer: Aceita tudo quanto custa e segue-Me. Na verdade, quem começar a seguir-Me nos meus exemplos e preceitos, encontrará muitos que o critiquem, muitos que criem dificuldades, muitos que o dissuadam; encontrá-los-á mesmo entre os que parecem discípulos de Cristo. Andavam com Cristo os que proibiam os cegos de clamar. Tu, portanto, no meio de ameaças ou de carinhos ou de proibições, sejam elas quais forem, se quiseres seguir a Cristo, volta-te para a cruz; suporta-a, leva-a e não sucumbas. Neste mundo santo, bom, reconciliado, salvo, ou melhor, que há-de ser salvo – em esperança é que fomos salvos – neste mundo que é a Igreja e que segue, toda ela, a Cristo, disse Ele a todos, sem exceptuar ninguém: Quem quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo.

Siga-O pois toda a Igreja única, essa pomba, essa esposa que foi remida e dotada com o sangue do Esposo. Nela encontra o seu lugar tanto a integridade da virgem como a continência da viúva e o pudor conjugal. Sigam a Cristo todos os membros da Igreja, cada um no seu lugar próprio, na sua condição, na sua medida. Mas renunciem a si mesmos, isto é, não presumam de si; e tomem a sua cruz, quer dizer, suportem no mundo, por amor de Cristo, tudo o que o mundo lançar contra eles. Amem o único que não ilude, o único que não é enganado nem engana; amem-n’O, porque é verdade o que Ele promete. A tua fé vacila, porque tardam as suas promessas; mas sê constante, perseverante e paciente, resigna-te com o adiamento. Assim se leva a cruz.

 

Indicações litúrgico-pastorais

  1. No XXX Domingo do Tempo Comum, dia 24 de Outubro, celebramos o Dia Mundial das Missões. O tema para este ano é «“Não podemos calar o que vimos e ouvimos” (At 4, 20)». As comunidades cristãs são convidadas a dinamizar quer este dia, quer este mês, ajudando toda a comunidade a abrir o coração para a dimensão missionária da Igreja e, de modo particular, para a missão Ad Gentes. As Obras Missionárias Pontifícias em Portugal prepararam um guião para ajudar na vivência e celebração deste dia e deste mês (https://www.opf.pt/guiao-missionario/). Sublinho a mensagem do Papa Francisco para este dia que pode ser divulgada e distribuída nas diversas celebrações. Nesta mensagem, o Santo Padre, partindo da experiência dos Apóstolos, lança um convite a cada um de nós, desafiando-nos a comunicar a todos a alegria e a esperança que o Senhor depositou no nosso coração.

 

  1. Para os leitores: a primeira leitura é o anúncio alegre e jubiloso da libertação de Israel. A proclamação deste texto deve ser marcada por este tom, valorizando as formas verbais no modo imperativo: «soltai», «enaltecei», «proclamai»… A segunda leitura requer uma acurada preparação nas pausas e respirações, sobretudo nas frases mais longas e com diversas orações, para uma mais articulada leitura do texto.

 

Sugestões de cânticos:

Entrada: Vossos corações exultem – Az. Oliveira (CN 986); Salmo Responsorial: Grandes maravilhas fez por nós o Senhor (Sl 125) – F. Santos (https://ocantonaliturgia.pt); Aclamação ao Evangelho: Aleluia | Jesus Cristo, nosso Salvador, destruiu a morte – C.Silva (CN 48); Ofertório: Tu és sacerdote – B. Ferreira (OCL; https://ocantonaliturgia.pt); Comunhão: Jesus Cristo amou-nos – M. Luís (CN 553); Pós-Comunhão: O Senhor salvou-me – C. Silva (CN 745); Final: Quero cantar o vosso nome – A. Cartageno (IC, p. 537-538 | NRMS 111 | BS, p. 298).