
O jornalista, cronista, investigador da história do Porto, ligado a várias instituições da cidade, Germano Silva (n. em1931) completa, em 13 de outubro, 90 anos.
Por M. Correia Fernandes
Conhecido pelas suas investigações em torno da história da cidade do Porto e da sua região, tem publicado com regularidade crónicas dominicais no Jornal de Notícias, que ajudam a descobrir os recantos da cidade, a sua evolução, as transformações sofridas e os acontecimentos a que estiveram ligadas.
Por ocasião do seu aniversário publica mais um conjunto de crónicas suas em livro, a que é dado o título de “Porto: As Histórias que faltavam”, segundo informa a jornalista Dora Mota, em crónica de 10 de outubro. As histórias que faltavam têm surgido nas suas crónicas semanais, e haverá certamente outras, nascidas e publicadas pelos seus colegas e amigos, mesmo que não constem no livro.
Germano Silva foi colaborador desde os primeiros tempos da Voz Portucalense, onde entrou pela mão de Rui Osório. O primeiro texto que vejo é de 10 de agosto de 1972, sobre “Advogados em Congresso”, depois outro sobre “Parques para crianças”. A partir de fevereiro de 1973 encontramos referência a um Núcleo Universitário Tirsense, dois “temas vivos” sobre Arte Sacra (em conversa com os seus cultores, como Domingos de Pinho Brandão), outro sobre a participação eleitoral (1973 foi ano de eleições), outros sobre Cabo-verdianos no Porto, sobre “Férias, um direito a conquistar”, outro sobre as crianças nos parques citadinos. Tudo nos lembra o papel pioneiro que Voz Portucalense desempenhou nesses anos na atenção aos problemas sociais e culturais do país. Curiosamente, aí encontrei também um diálogo sobre co-educação, tema de que na altura se falava, em (esquecido) diálogo que conduzi com um dos seus promotores, Adriano vasco Rodrigues. Aliás, esta pesquisa lembrou-me e mostrou também o interesse que naqueles anos Voz Portucalense dedicou ao cinema, com análise dos principais filmes exibidos na cidade, através de um grupo de colaboradores em que me inseria por essas datas.
Lembramos alguns dos títulos de Germano Silva publicados (pela Porto Editora): À Descoberta do Porto (1999), Porto: história e memórias (2010), Porto: nos recantos do passado (2012), Caminhar pelo Porto (2014), Porto: Profissões quase desaparecidas (2019).
Como jornalista do Jornal de Notícias, aposentou-se em 1996, mas mantém-se historicamente ligado a esse diário. Uma das tarefas que tem assumido é a de organizar passeios guiados pelo Porto, com grupos diferenciados de cidadãos interessados na história da cidade. Reuniu um notável espólio de imagens históricas da cidade, que em 2021 ofereceu ao Arquivo Histórico Municipal do Porto.
Germano Silva teve a amabilidade de oferecer ao autor destas linhas, na qualidade de Diretor da Voz Portucalense, os seus livros amavelmente autografados.
Pela sua boca ouvi que neste dia 13 de outubro de 2021 será homenageado na igreja dos Clérigos, no Porto, pela sua Irmandade (pra a qual escreveu também a obra Clérigos: guia para conhecer o ex-libris do Porto), bem como pela Misericórdia do Porto e pela Associação Comercial do Porto.
Voz Portucalense acaba também de receber convite para participar na sessão de apresentação do novo livro, que terá lugar às 18h30 desse dia 13, na Biblioteca Municipal Almeida Garrett, em organização do Município, da Porto Editora e do Rancho Folclórico do Porto.
Dele recorda o autor: “Falo do antigo Porto volteiro, brigão, faceto e apaixonado”, citando Firmino Pereira, 1914.
Voz Portucalense associa-se a essa homenagem a quem foi também seu colaborador.