No último número da revista Reseña Bíblica, a autora de um dos artigos Nucia Calduch- Benages, debruça-se sobre “Doña Sabiduría y la ecocovívencia”, fazendo referência ao livro do pastor luterano Norman C. Habel, e ao seu livro “The Earth Story in Wisdom Traditions”, onde nos coloca perante a interligação da religião e ecologia, esta como o diálogo entre as interdependências variegadas dos conceitos existentes, como a “ecojustiça”, “ecofeminismo”, “ecocentrismo”, “ecocomunidade”, “ecologia profunda” e a “leitura centrada na Terra”, enunciando seis princípios fundamentais para compreendermos a “ecojustiça”.
Por Joaquim Armindo
Antes de mais convém lembrar que a palavra “Ecologia” é derivada do grego “oikos” e “logos”, ou seja, “família” e “estudo”. Esta “família” que é uma “casa ambiental”, inclui nela todos os organismos vivos, que a tornam habitável, assim” Ecologia” será a “vida em casa”, os seres em relação, nos seus ambientes. As plantas e os animais sempre fizeram parte desta casa comum. Os seres humanos dependem desta relação ecológica com a Natureza, com os ecossistemas, por isso o estudo da casa ou lugar onde vivemos evoluirá como ciência integradora no futuro.
Esta “ecojustiça” é, pois, entrosada com a casa comum e o seu estudo. Os primeiros três princípios enunciados são: o princípio do valor intrínseco, que refere que o cosmos e a Terra e suas componentes que têm um valor intrínseco; o segundo, o da interconexão da Terra como comunidade de seres vivos que dependem uns dos outros para sobreviver; um terceiro, o da voz (grito) da Terra, sujeito capaz de gritar quer em momentos celebrativos, quer contra as injustiças.
Os outros três definem-se como o do propósito, o universo e a Terra e todos os seus componentes formam parte de um plano cósmico dinâmico em que cada das suas peças tem um lugar próprio no plano geral traçado, um outro, o principio da defesa recíproca, a Terra constitui um todo equilibrado e diverso pelo que os guardiões responsáveis funcionam enquanto colaboradores, muito mais do que “governantes”, para manter um equilíbrio saudável e o último princípio é o da resistência, a Terra e os seus componentes sofrendo de injustiça por parte dos humanos, respondem ativamente e oferecem resistências na sua luta pela justiça.
Nesta época em que terminamos o “Tempo da Criação”, vai ter a nossa vida diária, e não apenas um mês, de nos lembrar estes seis princípios, para que a Justiça da Terra não atue defensivamente e ofereça resistência, por nos termos tornado não os guardiões, mas os “coveiros” de todo o sistema cósmico, que não perdoa, antes se defende com lucidez de quem quer viver em perfeita harmonia. O texto chave do artigo da autora mencionada encontra-se no livro dos Provérbios 8,1-36.