O Sínodo que se vai celebrar em 2023, tem uma data de início, mas não uma data de fim, porque traduz-se num caminho imparável que dará lugar a outras questões a serem resolvidas quando acontecerem.
Por Joaquim Armindo
Um processo dividido em três fases, uma a preparatória onde se realizará uma “consulta ao Povo de Deus”, outra a comemorativa, será o encontro dos bispos em assembleia e a seguinte a fase da ação, aceite pela igreja, quando se leva à ação os envolvimentos decididos pelo Sínodo. O documento preparatório publicado, juntamente pelo importante Vademécum – este só está disponível na língua inglesa -, deverão constituir, desde já, o desafio às comunidades – paróquias-, e movimentos de base, para reflexão. A metodologia seguida na audição das pessoas cristãs, as cristãs que não vão, nem querem saber da igreja, os ateus e agnósticos e com um papel muito especial as outras tradições religiosas que possam contribuir com as suas opiniões para o enriquecimento do que vai ser refletido e aprovado em Sínodo é fundamental e torna-se holístico. Todos somos companheiros e companheiras de viagem.
Os dez núcleos temáticos de aprofundamento das opiniões e reflexões dos cristãos, e outros que como refere o documento se queiram juntar para nos ajudar a um discernimento maior, deverão ser explicados, antes de qualquer forma de audição. Um exemplo: o primeiro núcleo temático, chamado de “Os companheiros de Viagem” onde se pergunta “Na vossa Igreja local, quem são aqueles que “caminham juntos”? Quando dizemos “a nossa Igreja”, quem é que faz parte dela? Quem nos pede para caminhar juntos? Quem são os companheiros de viagem, inclusive fora do perímetro eclesial? Que pessoas ou grupos são expressa ou efetivamente, deixados à margem?”, é substantivo e de difícil reflexão para a maioria dos cristãos – o próprio documento o refere -, mas este é um dos dez núcleos, outros se seguem com dificuldade acrescidas, então, como também o refere o documento, há que orar, formar, refletir e fazer um intercâmbio para uma melhor compreensão e respostas abertas que reflitam o parecer dos cristãos.
A grande questão é se quem dinamiza cada formação e reflexão não vai dirigir as respostas àquilo que ele pensa e não àquilo que pensa o Povo de Deus. O querer sentir o que pensa o Povo de Deus para um Sínodo é correto, o que não é difícil serão as influências exercidas sobre as respostas a dar e, depois, quem vai resumir em dez páginas estes sentires, que esperemos sejam milhares. Terão os dinamizadores o cuidado de não exercerem os “poderes da influência”? Só assim seremos companheiros de viagem.