Mensagem (135): Subversão

Os ciclos culturais alçam-se por oposição ao anterior. É lógico. Se assim não fora, subsistiria a perene continuidade. E não haveria melhorias nem retrocessos. Mesmo que Leibniz garanta que a natureza «não dá saltos», a verdade é que a mudança é a grande lei que preside às coisas. E às ideias, muito mais.

A respeito da sexualidade, isso é evidente. Até aos anos sessenta, a forma de a encarar era clara e quem não se encaixasse era brindado com referências e expressões não muito simpáticas. Na atualidade, predomina o culto da diferença ou o «orgulho» a respeito do que antigamente se mofava.

No passado, nem tudo se podia aceitar; no presente, nem tudo está bem. Os males ancestrais não se resolvem invertendo as coisas. O “proibido proibir”, de Marcuse, gerou o “ninguém nasce mulher: faz-se”, de Simone de Beauvoir. E esta, por sua vez, levou à guerrilha da «libertação» à base do mote: “a pessoa está aprisionada no sexo”. Portanto, só negando o sexo biológico-psíquico se adquiriria a verdadeira liberdade sem restrições.

Resultado: para além da “pessoa sem identidade”, abre-se a porta a todas as aberrações. Na Holanda, por exemplo, grupos bem organizados e a quem a comunicação social concede muita voz não se coíbem de defender a zoofilia e a pedofilia. Quanto a este segundo âmbito, não sei como reagirá a sociedade; a respeito do primeiro, é de supor que os defensores dos animais se oponham, pois não será muito fácil obter o seu consentimento… E não sei como é que o Civil vai registar o casamento de um homem com uma girafa…

A reivindicação desta estranha sexualidade a la carte nota-se no mundo dos conceitos. Há cerca de duas décadas, a sociologia e a psicologia assumiam cinco modalidades: hétero, gay, lésbico, bi e trans. Na atualidade, as tentativas de classificação já ultrapassam as três dezenas! E ou se usa uma sigla interminável como LGBTT2QQIAAP… ou se designa por LGBTQI+. Neste + é que reside a diferença: se hoje são cerca de trinta, amanhã poderão ser trinta mil… Porque não? Riqueza cultural?

Falemos a sério. Respeito por quem é ou se sente diferente? Absoluto! Alinhar levianamente com quem intenta a desagregação social sob a capa dos direitos individuais? Aí, muito cuidado! Porque este desconstrutivismo é subversivo: usa uma parcela de verdade para impingir a revolução. Oxalá não sangrenta, a curto ou médio prazo. Mas sempre com vítimas. E inocentes.

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