“Jovens e ecumenismo: a urgência de construir pontes”

Fotos: Rui Saraiva

Decorreu no Porto o XXII Fórum Ecuménico Jovem. “A juventude tem mais capacidade de fazer pontes” – disse o bispo do Porto. Participantes no encontro receberam pequenos pinheiros “para criar raízes”.

Decorreu no dia 18 de setembro o Fórum Ecuménico Jovem (FEJ) nacional em vários espaços das cidades de Porto e Gaia. Nesse sábado o FEJ permitiu que ao longo do dia, jovens de várias Igrejas e comunidades cristãs existentes em Portugal vivessem uma experiência de partilha, encontro, caminho e celebração.

Assinalando o 20º aniversário da assinatura da Carta Ecuménica pelas Igrejas da Europa e os seus 12 pontos, os jovens percorreram 12 workshops espalhadas pelas duas cidades, em que cada uma explorou um dos pontos da carta. Os jovens contactaram iniciativas, pessoas ou instituições que de algum modo já espelham ou concretizam os desafios da carta.

“Jovens e ecumenismo: a urgência de construir pontes” foi o tema deste Fórum Ecuménico numa organização conjunta do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil (Igreja Católica) e dos Departamentos Juvenis das Igrejas Lusitana, Metodista e Presbiteriana, alargada também à Sociedade Bíblica de Portugal.

Este dia teve como última etapa de encontro uma celebração na Igreja da Serra do Pilar sobranceira ao rio Douro. De destacar a presença de D. Manuel Linda, bispo do Porto pela Igreja Católica, da Pastora Sandra Reis pela Igreja Presbiteriana e do Reverendo Sérgio Alves pela Igreja Lusitana.

Lançar bases sólidas de diálogo

D. Manuel Linda disse aos jornalistas neste momento final do Fórum Ecuménico Jovem que a “juventude tem mais capacidade de fazer pontes do que os adultos”.

“Construtores de pontes foi um mote feliz para este Fórum, a juventude tem mais capacidade de fazer pontes do que os adultos, usam melhores ‘tecnologias’, no sentido ideal do coração, têm outros ‘materiais’, como a boa vontade, tolerância, sintonia de corações, material novo para fazer pontes novas” – explicou o bispo do Porto.

D. Manuel Linda enalteceu a “abertura de espírito dos jovens” e recebeu com muita alegria a juventude que participou na 22ª edição do Fórum. “O Porto tem longa tradição no mundo do Ecumenismo e é com muita alegria que recebo aqueles que têm como referência o Ecumenismo” – afirmou na ocasião.

Para o bispo do Porto há necessidade de “investir nos jovens e lançar bases sólidas neste diálogo que se há de tornar mais abrangente”. Recordou os seus antecessores que trataram deste tema “muito a sério”.

“D. António Ferreira Gomes, na perspetiva do Concílio Vaticano II levou o tema do Ecumenismo muito a sério, mas o tema não foi descuidado a partir daquela altura e todos os meus antecessores o levaram a posição muito alta” – apontou.

Pinheiros para criar raízes

Entretanto, o padre João Emanuel, do Secretariado da Pastoral Juvenil do Porto e do Comité Organizador Diocesano da JMJ 2023, afirmou aos jornalistas que “o Porto é conhecido pela tradição ecuménica e o FEJ traz esta dimensão mais ativa da relação entre vários jovens”. Assinalou a importância daquele momento “na vida de fé das comunidades”.

O sacerdote destacou a preocupação ecuménica que o plano da pastoral juvenil diocesana tem, “integrando sempre atividades de ecumenismo entre os jovens”, e revela que também será esta a aposta da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023.  Referiu ainda que, cada participante nesta edição do FEJ, recebeu um pequeno pinheiro, como “símbolo de criar raízes e ainda tem ligação à dimensão ecológica”.

Rui Saraiva com Agência Ecclesia

O Reverendo Sérgio Alves da Igreja Lusitana foi uma das presenças nesta celebração ecuménica tendo assinalado em declarações aos jornalistas a sua alegria pelo trabalho já desenvolvido e esperança no entusiasmo da juventude com o ecumenismo.

 

Os 12 pontos da Carta Ecuménica da Europa

A carta ecuménica foi assinada a 22 de abril de 2001 em Estrasburgo (França). Tem na sua génese duas assembleias de Igrejas cristãs, uma realizada em 1989, na cidade de Basileia (Suíça), e outra na cidade de Graz (Áustria), em 1997. São estes os 12 pontos da Carta Ecuménica Europeia:

Chamados juntos à unidade da fé;

Anunciar juntos o Evangelho;

Ir ao encontro do outro;

Trabalhar juntos;

Orar juntos;

Prosseguir o diálogo;

Contribuir para a construção da Europa;

Reconciliar povos e culturas;

Salvaguardar a criação;

Aprofundar a comunhão com o judaísmo;

Cultivar as relações com o Islão;

O encontro com outras religiões e visões do mundo.