Dirigentes Sociais

No recente congresso do PS,  o Secretário Geral e Primeiro Ministro também estendeu os seus agradecimentos ao Sector Social, que, segundo expressão sua, “foi incansável” na “verdadeira guerra contra a pandemia”.

Por Lino Maia

O Sector Social e Solidário é composto por Associações, Cooperativas e Fundações de Solidariedade Social, Casas do Povo, Centros Sociais Paroquiais, Institutos de Organização Religiosa, Misericórdias e Mutualidades. Um total de 5.622 IPSS, que, no seu  conjunto, são um importante Pilar do Estado Social. Cerca de 40% de ereção canónica e muitas outras de inspiração cristã.

Independentemente da sua natureza jurídica, dos motivos que levaram à sua constituição e dos fins que prosseguem, as IPSS atuam com base num quadro de valores comuns, sendo a sua ação consubstanciada pela inter-relação entre: caridade, diversidade, inclusão, participação, perseverança, proximidade, solidariedade e subsidiariedade. A dimensão humana, de cidadania, de utilidade social e económica, bem como a capilaridade territorial e a proximidade às pessoas, aliada à capacidade agregadora de interesses diversos, de espírito empreendedor, de inovação e mobilização estão na especificidade das Instituições de Solidariedade.

Um apuramento dos dados da Carta Social demonstra a relevância do Sector Social e Solidário no sistema de proteção social português ao evidenciar, por exemplo, que as IPSS têm equipamentos para crianças e pessoas idosas em 70,8% do número total de freguesias, sendo as únicas entidades com estas respostas em 27,2% das freguesias.

É justo e oportuno o reconhecimento do Primeiro Ministro de que este Sector tem sido “incansável” na guerra contra a pandemia. Justo e necessário foi, também, o reconhecimento do anterior Primeiro Ministro quando se pronunciava sobre a importância deste Sector para vencer a crise social e económica nos tempos da Troika, o que ajudou a ultrapassar alguns constrangimentos. Justo e palpável é o reconhecimento que se generaliza não só entre os vários Partidos como por toda a sociedade. O Sector Social e Solidário está estabilizado e consolidado e sem ele as desigualdades seriam bem  mais acentuadas e muitas mais pessoas ficariam para trás sem qualquer proteção e sem satisfatórias perspetivas de vida…

Temos uma grande rede de apoio social de proximidade porque existem no terreno milhares de Instituições de Solidariedade, sustentadas por milhares de homens e mulheres Dirigentes Sociais voluntários. Todos esses dirigentes com grande coração na prática do bem, muitas vezes renunciando aos seus legítimos tempos livres, à necessária atividade profissional e até a algumas obrigações familiares, para se dedicarem  solidariamente em prol da sociedade e, muito particularmente, em favor dos mais carenciados. Como norma generalizada e voluntariamente assumida, em regime de gratuitidade de serviço porque o seu lema é servir sem ser servido.

Quase todos  os dirigentes a confrontarem-se com tempos de crise tais como o desequilíbrio das Instituições que coloca grande parte das mesmas em situações muito difíceis e algum sentimento de impotência perante ingentes desafios. Muitos perseguidos por inspeções que quase sempre os desrespeitam e ultrapassam e com alguma comunicação social a menosprezar valores e a preferir fazer “sangue que vende”… Alguns dirigentes a darem-se por vencidos saindo da nobre missão solidária e outros sem suficiente força anímica para continuar. No meio de tantas e tantos dirigentes, é possível que, muito pontual e anormalmente, apareça algum menos incauto; porém, mas a comprovada generalidade é de grande competência e de enorme dedicação, a quem a toda sociedade muito deve…

É verdade que, reconhecendo que o Sector Social é tão  “incansável” como “inestimável”, não só em tempo de crise como sempre, também se está a reconhecer a importância dos Dirigentes Sociais, porque são eles a sua alma e sem eles o Sector morreria e um importante pilar do Estado Social colapsaria.

Talvez seja preciso algo mais que um muito simpático e circunstancial reconhecimento. Os Dirigentes merecem e precisam…