Férias: um vento que sopra

O nosso tempo de férias é sempre um vento que sopra a nosso prazer. Um tempo que “temos tempo” para fazer algumas coisas que durante o nosso normal quotidiano não possuímos, quer para viajar, ler, escrever ou outra forma de estar. Então, temos tempo para não fazer a normalidade de um ano de trabalho.

Por Joaquim Armindo

Penso que nem sempre estivemos com esta forma de ser, embora existisse sempre um tempo, um dia por semana, ou dois, em que estávamos livre. Em diferentes dias da semana: o domingo para os cristãos, o sábado para os judeus e algumas denominações religiosas, e a sexta-feira para os muçulmanos. Diríamos nós, que era bom que até fossem esses três dias. Em séculos passados antes de Cristo, a Terra tinha de sete em sete anos, um ano de repouso, as dívidas prescreviam e por aí fora. Não era, assim, como hoje se faz trinta dias seguidos ou interpolados de férias, era de outra forma, mas realmente necessária. As férias não são, por isso, uma inovação recente, sempre existiu necessidade de um repouso das tarefas diárias; veja-se que no poema mítico, e de grande profundidade, Deus, descansou ao sétimo dia após a consumação do trabalho do Cosmos, e viu que era bom!

Jesus também sentia a necessidade de ter “um tempo” para se afastar da sua normal atividade de dar a conhecer o Evangelho às multidões que dele se abeiravam. Estamos a ver o que nos é contado por fonte do evangelho, que Ele um dia até se meteu com os amigos e amigas mais chegados num barco para “fugir” da multidão, neste caso as pessoas correram e apanharam-no no outro lado. Jesus retirava-se, só ou acompanhado – lembro quando no monte apareceram mais duas personagens, ele estava acompanhado -, para lembrar a Ele próprio que necessitava de proximidade com o Pai, mais intensa, em forma do que dizemos hoje “oração”. Eram “tempos” que Ele utilizava para fazer outras coisas que lhe eram mais queridas.

Nós temos o direito a férias, àquele tempo onde sopra, mais intensamente, o vento da amizade, da fraternidade e da paz. Nós não “metemos férias” de Deus e de Jesus Cristo, porque nos são necessários em todos os tempos, ou melhor, não passamos sem o “vento” de Deus, do seu Espírito, por isso Deus está sempre connosco, e neste tempo de férias, também podemos aproveitar para aprofundar a nossa relação com Ele.

Boas férias para todos e todas, que, semanalmente, têm tempo para me ler. Obrigado.