
Fundada pelo sacerdote brasileiro Monsenhor Jonas Abib, a Canção Nova, uma comunidade que se dedica à difusão da mensagem cristã através de programas de televisão (realidade geralmente esquecida ou subestimada nos grandes meios de comunicação), completa este ano 20 anos de atividade em Portugal. A finalidade proposta é evangelizar, através da difusão da multiplicidade da mensagem cristã. Foi o Bispo D. Serafim Ferreira e Silva, enquanto Bispo de Leiria e Fátima, quem propôs que a sede da Canção Nova se situasse em Fátima.
No dizer do Fundador, Jonas Abib, no momento em que se afirmou a necessidade de afirmar a prática da televisão em Portugal, “D. Serafim se empenhou muito para que nós tivéssemos a televisão a partir de Fátima, e assim para todo o país e para a Europa”. E salienta: “Desde então estamos consagrados à Nossa Senhora de Fátima. Diante desta realidade queremos trabalhar correspondendo a esta consagração”.
No número de Maio/Junho da “Revista Canção Nova” recolhem-se testemunhos que refletem a missão que tem vindo a desempenhar junto de muitas pessoas e comunidades cristãs.
No editorial desse número, Paula Ferraz, Missionária da Comunidade Canção Nova, escreve:
“Esta é uma revista especial, são 20 anos. O convite que lhe fazemos é que entre connosco na aventura da memória, na história de uma TV, católica, sem publicidade, que começou por duas horas de emissão e hoje está 24 horas a fazer-lhe companhia”.
Testemunho de D. Serafim
Registamos igualmente testemunhos de muitos que a seguem a admiram. Começando pelo próprio Bispo D. Serafim, que lembra:
“O Padre Tomás Halik, a propósito da persistente crise pandémica, escreve no seu livro “O tempo das Igrejas Vazias” (Paulinas Editora) que a sociedade de hoje está hoje “fortemente desigrejada”!
Perante a dita tragédia da Covid-19 Halik, que é professor universitário, explica que muitos cristãos mais ou menos praticantes, buscam um vivencialismo espiritual, mesmo sem estruturas eclesiais e sem celebrações comuns. Tal religiosidade é inata e sociologicamente bem visível.
Permito-me recordar um singelo caso: num dia 12, no verão, encontrei no recinto do Santuário de Fátima, um camponês do norte que tinha vindo a pé; perguntei se vinha para a peregrinação; respondeu que já tinha feito o que prometera e que quando metia padres não era com ele…
É uma realidade que afeta muita gente. Não se trata de ateísmo, nem mesmo de um anticlericalismo agressivo. É o mistério da vida e a busca do além.
O neologismo de Halik pode ter outro significado, a saber: igrejas vazias, por disciplina profilática na tragédia pandémica.
Isto vem a propósito das celebrações transmitidas pela rádio e televisão. As celebrações presenciais estão proibidas ou limitadas… E a Canção Nova tem ajudado muita gente. Eu próprio sou “freguês”. Hoje, por exemplo, depois de ter sido informado que a Canção Nova transmitiria em “direto” a visita pastoral do Papa Francisco ao Iraque, regressei aos meus aposentos e pude acompanhar “ao vivo” esse acontecimento histórico e profético.
A Canção Nova ajuda a ser e a fazer Igreja. Sem fronteiras! A Comunidade Canção Nova, com membros comprometidos em diversos graus de adesão, que admiro e agradeço, dedica-se especialmente aos media, com livrarias, rádio e televisão.
Em 12 de maio ocorreu o vigésimo aniversário da primeira transmissão televisiva das celebrações do Santuário de Fátima, que paulatinamente foram melhorando e multiplicando. É um bom erviço eclesial. Louvável…
Vou verificando, por exemplo que em muitas casas e lares, todos os dias, a missa da basílica de Fátima (11 horas) e o terço da capelinha (18h30) são providencial ponto de encontro. Grande sinal da Igreja peregrina. Eu próprio muitas vezes me associo a tantos irmãos, embora dispersos, que vivem e alimentam a mesma fé, em união com o mesmo Papa, em comunhão com o mesmo Deus, que é Pai, e com a ajuda de Maria, que é Mãe…
Como emérito, rezo todos os dias com e pela Canção Nova. Grato, digo baixinho com os meus botões, mas gostaria de proclamar bem alto: Bem haja, Padre Jonas Abib… sem olvidar os trabalhadores e benfeitores. Viva a Canção Nova”.
“Recordando as primeiras transmissões da TV Canção Nova”
Por sua vez, o jornalista Sérgio Carvalho, então colaborador no Santuário de Fátima, recorda o início do projeto:
Tive a honra de assistir desde a primeira hora ao nascimento deste projeto no nosso país e por providência divina, ter assinado e acompanhado como diretor do Centro de Comunicação Social do Santuário de Fátima, as primeiras transmissões em direto da Peregrinação Internacional Aniversária de 12 e 13 de maio ao Santuário de Fátima, em 2001.
Tenho muito para contar desses primeiros tempos, mas vou centrar-me em alguns deles, como essa primeira transmissão em direto, faz este ano, 20 anos. (…)
Em janeiro de 2001, a Rosalaine Iria Ribeiro veio à sala de imprensa para proceder ao pedido de acreditação para que uma equipa da reportagem pudesse gravar na Cova da Iria… Naquele ano de 2001, não havia duas emissoras, mas três a quererem transmitir as celebrações. Nenhuma das anteriores quis ceder o sinal à TVCN, o que me entristeceu, deveras… De Dom Bosco veio a solução. Um domingo, sentado na colunata, olhei de frente para o recinto e lembrei-me do sonho de D. Bosco, da barca atacada e das duas colunas a que a barca (a Igreja) se deviam prender para vencer a tempestade: numa coluna o Santíssimo Sacramento e outra Nossa Senhora. Olhei para o recinto e disse: é isso mesmo! Os operadores de imagem da Canção Nova vão ficar ao pé das colunas que amparam a Igreja: uma plataforma na azinheira grande, onde os pastorinhos rezavam e aguardavam as aparições; e outra em frente à capela do Lausperene (com o Santíssimo Sacramento sempre exposto). E assim a TVCN pôde instalar os seus operadores de câmara, fazendo a primeira transmissão da Canção Nova a partir dos 12 e 13 de cada mês, de maio a outubro. Foi a primeira estação a transmitir em direto toda a peregrinação internacional à Cova da Iria. Tenho ainda muitos mais factos e acontecimentos para contar, e se for a vontade de Deus, assim acontecerá.
Parabéns Canção Nova!”
É urgente cantar cada vez mais “uma Canção Nova”
Lembramos igualmente um texto de Margarida Martins Alves, que tem seguido e iniciativa desde o princípio:
O Batismo no Espírito marcou a vida e o ministério de Monsenhor Jonas Abib e por isso estamos a louvar o Senhor pelas maravilhas que através dele tem realizado e continua a realizar, especialmente neste tempo em que celebramos mais um aniversário da TV Canção Nova. Estou convencida que não foi por acaso que sem contar um dia encontrei a TV CN através de um programa transmitido do Brasil.
Foi um entusiasmo de tal ordem que eu falava com ardor da CN a toda a gente. E sentia necessidade de tornar mais conhecida esta Obra de Deus. Como era responsável pelo jornal Pedras Vivas na minha paróquia, comecei a espalhar a notícia e é justo agradecer ao jornal Voz Portucalense da Diocese do Porto que sempre publicou todo o que lhe enviei.
Tenho pena de não ter espaço porque nem imaginam o quanto eu teria para dizer. Sempre me deslocava a Fátima quando vinham do Brasil para o encontro das Grandes Comunidades e estava sempre à espera de entrevistar alguém. O meu primeiro encontro com o Monsenhor Jonas, foi indiscritível e fez-me sentir a força do Espírito Santo e a minha vida mudou radicalmente… e queria deixar aqui algumas palavras saídas da sua boca, numa mensagem para os portugueses que não podia deixar de vos transmitir: ”Precisamos uns dos outros. Nós, Canção Nova, ainda crianças, precisamos dos Portugueses para nos estabelecer e podermos transmitir esta mensagem, mas é preciso dizer que Portugal também precisava, não de nós, mas desta mensagem que vem direta do Coração de Jesus. Essa mensagem de Salvação, de vida nova, esse verdadeiro Evangelho, a Boa Notícia. ”P. Jonas Abib pediu para que Portugal continue a acolher a Canção Nova como filha, que veio do Brasil ainda pequenina, mas já está a trazer alegria a seus pais. Perguntei-lhe, o que podíamos nós fazer pela Canção Nova. A sua resposta veio pronta e clara como de costume: “A Canção Nova precisa de você para continuar a levar o Amor pelo ar. Este Amor precisa de chegar a todo lugar onde exista um filho de Deus necessitado da Sua visita. As obras de Deus são sustentadas pelo povo de Deus. É um desafio. Estamos habituados a ver os meios de comunicação sustentados por patrocinadores mas Deus não quer. Deus não quer que empresas ou ideologias patrocinem. Deus quer que o próprio povo que recebe o Evangelho sustente as obras de Evangelização.”
Em Maio de 2001, Deus os desafiou a fazer a primeira transmissão da Canção Nova na celebração aniversária do 12 e 13 de mesmo mês. Após a transmissão, Monsenhor Jonas disse aos membros da CN que Nossa Senhora de Fátima queria a Canção Nova no Altar do Mundo, não só a Comunidade, mas a TVCN. E assim se criou a produtora de TV em Portugal.
E hoje os nossos olhos podem contemplar as maravilhas que se vão repetindo e dando frutos ao longo do tempo. Os nossos olhos puderam contemplar neste tempo de Pandemia o que o nosso Deus de Misericórdia realizou através de um ecrã que, grande ou pequeno, não deixou ninguém sem rezar, louvar e adorar, Parabéns Canção Nova!
Número comemorativo
No número comemorativo do aniversário, podem encontrar-se testemunhos de alguns Bispos e personalidades ligadas ao trabalho da Canção Nova. Entre eles o P. Jorge Guarda, Vigário Geral da Diocese de Leiria Fátima; Carlos Cabecinhas, Reitor do Santuário; Gilberto Maia, Diretor da TV Canção Nova; José Luís Borga; Francisco Senra Coelho, Arcebispo de Évora; Dário Pedroso, sj. A ideia geral é de reconhecimento da ação evangelizadora da Canção Nova e uma atitude de gratidão: “obrigado Canção Nova”!
CF