Mensagem (132): Saúde!

“Estimo que esta te encontre bem de saúde” – era a forma, mais ou menos estereotipada, de começar uma carta familiar, meio século atrás. O que –garantem os entendidos- já nos vem dos romanos, concretamente de Cícero, que impôs o hábito cultural de começar a correspondência por um simpático S. T. D. (salutem tibi dicit).

A saúde constitui uma preocupação de todos. Muito mais dos pais em relação aos seus filhos: se desconfiam que algo não está bem, sofrem mais aqueles do que estes. E assim deveria acontecer com os Governos no que aos seus «filhos», os cidadãos, diz respeito. Mas isso é outra música…

Herdamos dos romanos um conceito integral ou holístico de saúde, aliás, hoje adotado pela OMS: mente sã em corpo são. Nas termas, não só havia os banhos para o rejuvenescimento corporal, como também a biblioteca para o otium, o qual, ao contrário do que hoje pensamos, não era passar a vida a dormir, mas o cultivo da mente ou atividades do espírito. A «ginástica intelectual», portanto, e o aumento do saber.

Os decisores atuais foram generosos a imitar as estruturas que favorecem a dimensão corporal da saúde. Basta ver as piscinas, algumas até sem água, e gimnodesportivos, entre os quais não faltam aqueles que já acolhem robusta vegetação, tal o pouco uso a que estão destinados. E quanto ao espírito?

Bem, neste particular também há setores socioculturais bem ativos. Mas, quase sempre, pela negativa. Pela intoxicação mental, mediante a imposição do pensamento único, a desconstrução dos valores, o fomento do individualismo, a coação da ideologia de género, a profissão da neutralidade ética. Numa palavra: a colocar de pernas para o ar o que Marx dizia ter de ser posto de pernas para o chão. Tudo em nome do último grito da modernidade…

Estamos em tempo de férias. Se não para todos, pelo menos, para muitos. Sejam ocasião de saúde. Física e mental. Se nos debatemos pela salvaguarda dos valores da natureza material, não deixemos de cultivar uma ecologia da mente, uma saúde da alma, uma desintoxicação da inteligência, uma limpeza geral de tudo o que inquina e mata a dimensão interior.

No dia-a-dia, estamos sujeitos a toneladas de material inquinante do espírito. A dor dessa doença chama-se infelicidade. Tentemos curá-la. Ainda que, para isso, como diz a sabedoria prática do Papa Francisco, tenhamos de desligar o telemóvel.

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