Carta da Terra uma vida nova

A Carta da Terra é um instrumento, com vários anos, patrocinado pela UNESCO, no sentido de abrir um novo paradigma comunitário para o bem-viver.

Por Joaquim Armindo 

A Carta da Terra não é só um modelo cultural visando defender os nativos, ou os indígenas, para sermos mais precisos, mas constitui um instrumento cujo pensamento económico não passa por “teorias de mercado”, qualquer “crescimento económico”, capitalismo e consumismo, mas num reforço de alternativa à crise social, económica, política, ambiental e cultural, que mata a Mãe Terra. Por isso, não vê no solipsismo, nem no individualismo, qualquer saída para o respeito pelos seres humanos e outros seres vivos, e, como adianta o bispo de Roma e papa Francisco, todos os inertes que possuem uma qualidade de diálogo ecológico com os outros seres. Somos todos interdependentes, viajamos no mesmo comboio, embora uns nas carruagens de luxo e outros, como eu viajava quando militar, onde fosse possível. A história prova que nem o individualismo, nem um coletivismo forçado, são comunitários; a vida comunitária faz-se de acordo com a liberdade e a dependência que uns têm dos outros.

Esta dependência é tão forte que não podemos pensar só numa Terra Mãe, mas na cosmovisão que nos rodeia e que não sabemos onde começa e onde acaba. Um exemplo, é o lixo cósmico que gravita em torno do nosso planeta e de outras galáxias, que nem nos damos conta, mas se ele [o lixo] que lançamos para a atmosfera um dia não deixasse a órbita, e  pulasse sobre o nosso sistema planetário. Pensam que não existem milhares de milhões de toneladas de lixo cósmico, completamente desordenados e abandonados por nós, os habitantes desta Terra Mãe?

Um dos exemplos dados por alguns povos que usando, talvez, o conceito de uma “antiga economia”, devem ser estudados porque nos dão boas lições como os da Amazónia (Brasil), Mapuche (Chile), Kola (Argentina), Colômbia, Equador, e Perú, possuem este paradigma da cosmovisão de “ Viver Bem” que se solidifica em “saber comer”, “saber beber”, “saber dançar”, “saber dormir”, “saber trabalhar”, “saber meditar”, “saber pensar”, “saber amar e ser amado”, “saber escutar”, “saber falar”, “saber sonhar”, “saber caminhar” e “saber dar e receber”, o que será construir um “socialismo comunitário em harmonia com a Mãe Terra”.

Tudo isto diz a Carta da Terra, que aliada a uma Espiritualidade Cristã, constitui a Boa Nova do Evangelho. Descurar isso, é entrar em Pecado Ecológico, como a dizer que nos demitimos do diálogo comunitário e abandonamos o ser cristão, hoje e agora.