
“O Saco do Pobre”, é o novo livro de António Jesus Cunha, diácono da Diocese do Porto e que foi jornalista da “Voz Portucalense”, editado sob a chancela da editora “Tecto de Nuvens”, que se lê num relance e que nos conduz ao âmago do Evangelho e ao pensamento do papa Francisco.
Por Joaquim Armindo
O livro é constituído por duas histórias (ou estórias?) que nos deixam a pensar, assim como pensam os dois protagonistas principais das histórias, o João e o Moisés, amigos de infância e que passaram pelas guerras coloniais. Começa o livro por afirmar: “Um dos maiores pecados sociais é a indiferença, geradora de inúmeras formas de pobreza”, por isso, é necessário eliminar “a velha atitude: que tenho eu a ver com isso? O Governo é que tem obrigação e competência para resolver problemas sociais”.
A primeira história começa quando João, diácono, convida o seu amigo Moisés a vir à cidade do Porto, passar o Natal. Fica impressionado com as pessoas sem-abrigo que vê morarem nas soleiras de portas. Partindo para a sua terra o Moisés olha para a pobreza que por lá vai, e como irá tentar melhorar a vida dos seus compatriotas que ali vivem. Então vagueando pela aldeia vai adicionando ideias num saco, que coloca às suas costas, e, juntamente com João pensam nessas ideias. Não há pão, mas há um moinho, avariado, e uma padaria fechada, mas matéria-prima existe: o centeio. Com empréstimos colocam o moinho a funcionar, criando postos de trabalho, e a padaria reabre, criando mais postos de trabalho e a existência de pão.
A segunda história é de uma filha de João que falece quando dá à luz o seu bebé. Este bebé virá a ser sacerdote, mas com inúmeros afazeres que não lhe deixam tempo para ouvir as pessoas e rezar. Falando com o avô, João, este repete-lhe que não é necessário tal. Afinal a gestão do centro de dia, o lar de idosos e tantas coisas mais, podem ser entregues a outras pessoas competentes, em regime de voluntariado, desde que o coloquem informado e digam os pontos de situação. Assim foi feito, e o sacerdote começou a ter tempo para atender as pessoas e rezar. O autor não refere, mas refiro eu, ou a um diácono.
O João e o Moisés, no fim da história acabam por falecer, e encontrar-se numa nova vida.
A grande importância deste livro é que ele está recheado de passagens bíblicas e respetivas reflexões, assim como inúmeras citações do papa Francisco; cada história são pedaços dos evangelhos e salmos. O livro é profusamente ilustrado com poesia, o que dá o sentido de verdadeiro.
Leia-se!