O perfume e o cheiro

Não são muitas as vezes que Francisco, bispo de Roma e papa se dirige aos diáconos, mas desta vez o fez, aos de Roma, sendo que, afinal, a mensagem é para todos os diáconos, a que chamamos permanentes.

Por Joaquim Armindo 

Depois de referir a alegria de dois diáconos serem nomeados, um diretor da Cáritas e outro em que alegra porque a diocese de Roma “tenha retomado o antigo costume de confiar uma igreja a um diácono para se tornar uma diaconia, como fez com você, caro Andrea, em um bairro operário da cidade.”, começou por dizer aquilo que mais queria do ministério dos diáconos e lembrou “a imposição das mãos não para o sacerdócio, mas para serviço”, de onde se conclui que Francisco preocupa-se que o diácono seja um servidor, que tenha serviço, mesmo para ultrapassar o “cerne do clericalismo”, que não é todo o clero, claro. E mais abaixo é curioso que observa que “os diáconos, precisamente porque se dedicam ao serviço deste Povo, recordam-nos que no corpo eclesial ninguém pode superar os outros.”, frase fundamental na sua compreensão do diaconado, e que nós, diáconos, recebemos com alegria.

Outra frase que nos faz pensar, também com alegria é que: “os diáconos são os custódios do serviço na Igreja, consequentemente pode-se dizer que eles são os guardiões do “verdadeiro” poder na Igreja, de forma que ninguém vai além do poder do serviço”. Esta palavra de “guardiões” é usada várias vezes pelo papa, quando se dirige aos diáconos. E lembra: “o diácono São Francisco, levou aos outros a proximidade de Deus sem se impor, servindo com humildade e alegria. A generosidade de um diácono que se doa sem procurar as primeiras filas cheira ao Evangelho, fala-nos da grandeza da humildade de Deus que dá o primeiro passo – sempre, Deus sempre dá o primeiro passo – para sair à conhecer até mesmo aqueles a quem deram as costas.”

Reconhecendo que em várias ocasiões os diáconos tomam algum papel dos presbíteros, na falta destes, refere esta frase admirável: “A generosidade de um diácono que se entrega sem procurar as filas da frente tem perfume de Evangelho, conta a grandeza da humildade de Deus que dá o primeiro passo para ir ao encontro até mesmo dos que lhe viraram as costas”. O perfume do Evangelho para nós diáconos, casados e pais e avós, é este “cheiro a ovelhas”, porque estamos inseridos no mundo, conhecemo-lo, as nossas mãos estão lá. Sabemos o que é o “cheiro das ovelhas” e levamos o “perfume de Evangelho”.