São João celebrado em igrejas a ele dedicadas na Diocese

A celebração da Solenidade litúrgica de S. João mereceu na cidade do Porto duas celebrações episcopais: uma na igreja de S. João Novo, no centro histórico do burgo portuense; e outra na sua igreja da Foz do Douro.

Na igreja de S. João Novo a celebração foi presidida pelo Bispo D. Manuel Linda; na Foz do Douro presidiu o Bispo Auxiliar D. Armando Domingues. Cada uma teve a sua dignidade própria: a de S. João Novo contou com a presença da sua Irmandade e com a inauguração de uma exposição sobre os espaços religiosos existentes no velho burgo; a da Foz, com a celebração do sacramento do Crisma de algumas paróquias da vigararia do Porto Poente.

A celebração de S. João Novo foi presidida pelo Bispo D. Manuel Linda, e contou com a presença do pároco de S. Nicolau e Vitória, e Reitor da igreja de S, João Novo, P. Agostinho Jardim, do pároco de Miragaia e Reitor da igreja dos Carmelitas, P. Artur Jorge Soares, e de Frei José Gabriel, sacerdote beneditino responsável pela igreja de S. Bento da Vitória. Entre os participantes encontravam-se representantes do Tribunal de S. João Novo, da Câmara Municipal do Porto, da Junta de Freguesia e de outras entidades, a convite da Irmandade de Nosso Senhor dos Passos, Cruz de Cristo e Nossa Senhora do Rosário, “com assento na igreja de S. João Novo” e a cujos irmãos foram entregues diplomas de “Formalização de Compromisso” como irmãos. Na homilia, o Bispo do Porto recordou a figura de S. João Batista na História desde os tempos mais antigos, lembrando o testemunho do historiador judeu Flávio Josefo, que a ele se refere; a sua qualidade de padroeiro da cidade merecendo o reconhecimento da população, mas sobretudo e sentido da sua missão providencial como aquele que mostrou Jesus como Salvador, e a sua disponibilidade para realizar o plano salvífico de Deus, associando a profecia à denúncia do mal social, fazendo ressaltar o significado do seu nome: João, Deus dá Graça.

Um coro de cariz popular, de música de mensagem, associada à proposta salmódica “eu vos dou graças pelas vossas maravilhas”, dando um ar juvenil e festivo à celebração, que mereceu o elogio do Bispo e o apreço dos participantes.

Digna de registo é também a inauguração, no final da celebração, de uma exposição constituída por objetos artísticos pertencentes às igrejas e capelas do velho burgo recentemente recuperados e restaurados pela empresa “Empatia”, que dedica a sua atenção à arqueologia, conservação e restauro, bem como à valorização do património religioso do centro do Porto. Entre os monumentos e imagens referenciados na exposição, além da própria igreja de S. João Novo, encontram-se a Capela do Ó, a capela da Senhora da Silva, a igreja da Vitória, a capela da Lada e a igreja de S. José das Taipas, nascendo o projeto de valorização “das vontades conjugadas das irmandades associadas às respetivas igrejas”, sendo o P. Jardim o “agregador de todo o processo”.

Ressalta nesta igreja o altar de São João Novo, ao lado do altar Senhor dos Passos, que dá centralidade ao nome da Confraria da igreja.

Do centro do burgo à sua periferia

Outra igreja que tem por patrono S. João Batista é a da Foz, onde na tarde do mesmo dia a celebração a ele dedicada, presidida pelo Bispo Auxiliar D. Armando Domingues, foi ocasião para a celebração do sacramento do Crisma, em que foram confirmados 34 jovens das paróquias da Foz, Nevogilde, Lordelo e Senhora da Ajuda (Pasteleira), contando com a presença dos respetivos párocos e de sacerdotes da comunidade dos padres Carmelitas Descalços.

O exemplo de João Batista fundamentou também o conjunto dos apelos formulados pelo Bispo ao empenhamento dos crismados, desde o testemunho por Cristo, a dinâmica do anúncio, e a vivência da fé assumida e professada, sintetizando a sua proposta em 3 F: a dinâmica da Família, o Fogo do Espírito e a firmeza da Fé.

O cenário da grandiosidade da bela igreja setecentista, do equilíbrio dos seus belíssimos altares e da sugestão das imagens que os adornam constitui certamente um estímulo para a mensagem final que o coro e a assembleia propuseram em forma de cánone: “Ide por todo o mundo e anunciai o Evangelho”.

Uma imagem de São João Batista no Marco de Canaveses

Também em dia de São João Batista, a Rota do Românico divulgou uma pintura mural do século XVI que representa este santo (acompanhado por Cristo Salvador, ao centro, e São Tiago, no lado direito), e que se encontra na parede fundeira da capela-mor da igreja do Salvador de Tabuado, Marco de Canaveses.

Filho de Zacarias e de Isabel, prima da Virgem Maria de Nazaré, João, que terá nascido seis meses antes de Jesus, é considerado um profeta que previu e anunciou o advento do Messias na pessoa de Jesus Cristo e o batizou do “outro lado rio” Jordão, na Palestina, hoje Jordânia.

Este é um dos poucos dias santos em que se comemora o aniversário do nascimento, enquanto na tradição hagiográfica para a generalidade dos santos se lembra a data da morte do santo homenageado, conforme assinala o texto da Rota do Românico. É também um dos poucos santos cujo dia é assinalado na liturgia como “solenidade”, já que apenas as festas do Senhor, de Maria, de José, dos Apóstolos Pedro e Paulo e de Todos os Santos merecem essa categoria litúrgica no atual Missal Romano.

Concerto em S. João da Madeira

A celebração de S. João foi assinalada também no dia seguinte ao da sua festa, noutra terra que leva o seu nome: a cidade de S. João da Madeira, onde a música sacra clássica e moderna constituíram um hino à beleza e à grandeza da criação musical, desde Bach a Haendel, Bruckner, Duruflé, e culminando em duas composições de António Ferreira dos Santos, apresentadas no dia do seu 85.º aniversário duas composições: “Salve, Estrela do Mar” (repetida em extra) e “Cântico dos Três Jovens”, inspirado no livro de Daniel.

O concerto foi organizado em colaboração  entre a paróquia, a Câmara Municipal e a Junta de Freguesia, integrado nas festas do padroeiro. O pároco, P. Álvaro Moreira da Rocha, ressaltou o sentido deste concerto, comemorativo também dos 50 anos do Coro da Sé e dos 85 do seu fundador, Cónego António Ferreira dos Santos, lembrando a proclamação de Santo Agostinho sobre João Batista: ele era “a voz, mas o Senhor, no princípio era a Palavra. João é a voz Passageira, Cristo é, no princípio, a Palavra eterna”, inspirado na mensagem do prólogo do Evangelho de S. João.

O concerto teve a colaboração do Quinteto de metais e tímpanos da Sé do Porto, do organista Daniel Ribeiro, sob a direção de Tiago Ferreira.

Uma iniciativa a que Voz Portucalense se associa, nas felicitações à paróquia de S. João da Madeira, ao Coro da Sé do Porto e ao Cónego António Ferreira dos Santos, no seu aniversário.

CF